sábado, 10 de abril de 2010

Como nasceu a Altercom “

10/04/2010
“Você tem que participar desta discussão”, disse-me Joaquim Palhares, o nome por trás da Agência Carta Maior e um dos maiores articuladores da esquerda brasileira não-partidarizada. Era um fim de tarde de dezembro e ambos estávamos em Brasília, no plenário do Centro de Convenções Ulisses Guimarães, durante a abertura da primeira Conferência Nacional de Comunicação.

Nos dias que se seguiram, Palhares me deu mais informações sobre o que começava a articular de forma decisiva, ainda que tenha dito, durante a assembléia de constituição da Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom), que teve lugar neste sábado, que aquele ato que estava acontecendo era a “realização de um sonho” que vem sendo sonhado há pelo menos dois anos.

A idéia de uma associação de empresários e empreendedores de mídia que me foi então explicada pelo agora presidente eleito da entidade, Joaquim Ernesto Palhares, era a de dar uma face política e jurídica a todos aqueles que, como eu, fazem “jornalismo cidadão” ou “alternativo”, seja em blogs ou sites – tanto os mais quanto os menos lidos –, rádios e tevês comunitárias, pequenos jornais e revistas etc.

Mas por que dar essa face jurídica comum a segmentos tão diferentes? Como unir empresários e empreendedores de tantos segmentos em uma única associação? A grande mídia se reúne em torno de associações segmentadas como a ANJ, que congrega os grandes jornais, ou como a Abert, que congrega as grandes tevês comeciais. Por que unir jornais, rádios, tevês, blogs em uma única associação?

A resposta é muito simples: pelo mesmo motivo que todos os democratas – e não tão democratas – do país refugiaram-se no PMDB entre 1964 e 1985, pois, do outro lado, havia uma ditadura análoga à da grande mídia, que hoje abarca para si praticamente todos os recursos e concessões públicas devido a uma legislação imoral feita para manter grandes e pequenos onde estão.

Ciente da importância do surgimento de uma entidade como essa, apesar de não ter condições de assumir qualquer outro cargo em qualquer outra entidade por razões que serão óbvias para os que me lêem há mais tempo, fiz questão de participar da fundação da Altercom de forma a integrar, em dados momentos, a Assembléia Geral da entidade, a qual será sua mais alta instância executiva, sobrepondo-se, inclusive, à própria Presidência.

Cheguei ao prédio do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo, onde a Altercom foi constituída, por volta das 10h30m deste sábado. Trabalhamos no estatuto da entidade o dia inteiro, com pausa de uma hora e meia para o almoço, e só conseguimos sair de lá por volta das 19 horas. Mas fundamos a Associação.

Agora, recolho-me ao papel de mais um colaborador da Altercom em termos de divulgação e do que mais me for solicitado, condição da maioria dos que lá estivemos. Mas terminei o sábado sentindo-me parte de um processo importantíssimo para a democratização da comunicação neste país. Unidos, os pequenos terão uma força inimaginável há alguns anos. Uma força que ainda se fará conhecer.



Escrito por Eduardo Guimarães às 21h20

Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)

Nenhum comentário: