Gilmar Mendes passa por saia-justa em sabatina transmitida pela internet
BERNARDO MELLO FRANCO
da Reportagem Local
Às vésperas de deixar a presidência do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Gilmar Mendes passou por uma "toga-justa" transmitida ao vivo pela internet. Na última sexta-feira, ele participou de sabatina promovida pelo YouTube, o portal de vídeos mais acessado do mundo. O que era para ser um balanço dos dois anos em que chefiou a corte se transformou num bombardeio de perguntas incômodas, muitas em tom acusatório, sobre polêmicas que marcaram sua gestão. As questões foram enviadas por internautas e escolhidas em votação, sem interferência do STF. Durante 42 minutos, Mendes teve que ouvir críticas e provocações lidas no ar por uma apresentadora da TV Justiça. Foi chamado de "uma das vozes mais contundentes da direita conservadora" e até de "coronelzinho", numa referência à atuação política de sua família em Mato Grosso.
O tom de constrangimento surgiu logo na abertura, quando a locutora informou que não citaria "textos chulos, às vezes até pornográficos e com ofensas" contra o ministro.
Em seguida, anunciou seis perguntas sobre o tema mais votado: os dois habeas corpus que ele concedeu ao banqueiro Daniel Dantas, alvo da Operação Satiagraha da Polícia Federal, em 2008. Segundo ela, as questões foram agrupadas para evitar uma entrevista "só de um assunto".
O internauta que se apresentou como "Fonjic" afirmou que o STF "se autodestroi e cai em descrédito distribuindo habeas corpus a banqueiros corruptos".
Outra participante, identificada como "limapaola", questionou a segunda decisão de Mendes em favor de Dantas: "O senhor recusou como prova a entrega, transmitida em rede nacional de TV, de R$ 1 milhão a agente da PF. Qual prova aceitaria para manter o banqueiro condenado a dez anos de prisão na cadeia?"
O ministro, visivelmente surpreso, voltou a criticar o delegado afastado da PF Protógenes Queiroz e o juiz Fausto de Sanctis. "Certamente o Brasil ainda vai saber muitos fatos sobre este episódio."
Em outro momento, Mendes foi acusado de "eleger e reeleger pessoas de confiança para beneficiar sua família" em Diamantino (MT). Rebateu no mesmo tom, apontando suposto envolvimento de um rival do clã com o crime organizado.
O ministro ainda foi cobrado por fazer suposta "denúncia vazia de grampo" conta a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e pelo número de entrevistas que concedeu. "Não seria melhor para a imagem do STF que o seu presidente falasse só nos autos?", perguntou "Diego". "Não sei o que é para o Diego o conceito de voz de direita conservadora. (...) O que é falar nos autos, quando se tem uma missão institucional?", retrucou.
Apesar dos momentos de desconforto, Mendes se disse satisfeito ao fim do programa. "Acho extremamente importante que nós possamos ter este diálogo", disse ele.
Ontem a sabatina já contava mais de 8.000 exibições, mas não aparecia na capa do canal oficial do STF no YouTube.
BERNARDO MELLO FRANCO
da Reportagem Local
Às vésperas de deixar a presidência do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Gilmar Mendes passou por uma "toga-justa" transmitida ao vivo pela internet. Na última sexta-feira, ele participou de sabatina promovida pelo YouTube, o portal de vídeos mais acessado do mundo. O que era para ser um balanço dos dois anos em que chefiou a corte se transformou num bombardeio de perguntas incômodas, muitas em tom acusatório, sobre polêmicas que marcaram sua gestão. As questões foram enviadas por internautas e escolhidas em votação, sem interferência do STF. Durante 42 minutos, Mendes teve que ouvir críticas e provocações lidas no ar por uma apresentadora da TV Justiça. Foi chamado de "uma das vozes mais contundentes da direita conservadora" e até de "coronelzinho", numa referência à atuação política de sua família em Mato Grosso.
O tom de constrangimento surgiu logo na abertura, quando a locutora informou que não citaria "textos chulos, às vezes até pornográficos e com ofensas" contra o ministro.
Em seguida, anunciou seis perguntas sobre o tema mais votado: os dois habeas corpus que ele concedeu ao banqueiro Daniel Dantas, alvo da Operação Satiagraha da Polícia Federal, em 2008. Segundo ela, as questões foram agrupadas para evitar uma entrevista "só de um assunto".
O internauta que se apresentou como "Fonjic" afirmou que o STF "se autodestroi e cai em descrédito distribuindo habeas corpus a banqueiros corruptos".
Outra participante, identificada como "limapaola", questionou a segunda decisão de Mendes em favor de Dantas: "O senhor recusou como prova a entrega, transmitida em rede nacional de TV, de R$ 1 milhão a agente da PF. Qual prova aceitaria para manter o banqueiro condenado a dez anos de prisão na cadeia?"
O ministro, visivelmente surpreso, voltou a criticar o delegado afastado da PF Protógenes Queiroz e o juiz Fausto de Sanctis. "Certamente o Brasil ainda vai saber muitos fatos sobre este episódio."
Em outro momento, Mendes foi acusado de "eleger e reeleger pessoas de confiança para beneficiar sua família" em Diamantino (MT). Rebateu no mesmo tom, apontando suposto envolvimento de um rival do clã com o crime organizado.
O ministro ainda foi cobrado por fazer suposta "denúncia vazia de grampo" conta a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e pelo número de entrevistas que concedeu. "Não seria melhor para a imagem do STF que o seu presidente falasse só nos autos?", perguntou "Diego". "Não sei o que é para o Diego o conceito de voz de direita conservadora. (...) O que é falar nos autos, quando se tem uma missão institucional?", retrucou.
Apesar dos momentos de desconforto, Mendes se disse satisfeito ao fim do programa. "Acho extremamente importante que nós possamos ter este diálogo", disse ele.
Ontem a sabatina já contava mais de 8.000 exibições, mas não aparecia na capa do canal oficial do STF no YouTube.
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