Expectativa de analistas é de que o Produto Interno Bruto cresça de 5,2% a 6% em 2010; números estão próximos à estimativa do governo
Paula Pacheco – O Estado de S.Paulo
As estimativas dos economistas para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2010 não são muito diferentes do que espera a área econômica do governo, como o Ministério da Fazenda e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Consultorias e corretoras trabalham com uma variação entre 5,2% e 6% como previsão para o crescimento da economia brasileira neste ano.
Entre as variáveis, diz Fábio Silveira, economista da RC Consultores, estão o tamanho do ajuste do governo nos juros e, em menor escala, a inflação. Até a divulgação do PIB do quarto trimestre, Silveira trabalhava com uma estimativa de crescimento de 5% para 2010.
“Os principais índices inflacionários até agora não confirmaram a histeria que se tem visto. A pressão inflacionária de hoje tem como origem o aquecimento do mercado doméstico”, explica. Além disso, segundo Silveira, existe a previsão de elevação da massa salarial da ordem de até 5% (no ano passado foi de 3,4%), o que influencia positivamente no crescimento econômico.
“Também chama a atenção a velocidade de expansão do crédito, que está crescendo na casa dos 30% no comparativo entre meses iguais”, observa o economista. Somando tudo isso, Silveira acredita que seja pouco provável que a economia sofra algum susto e cresça menos do que se prevê.
Armando Castelar Pinheiro, analista da Gávea Investimentos e professor do Instituto de Economia da UFRJ, é ainda mais otimista. Ele espera um crescimento de, no mínimo, 6%, com possibilidade de chegar perto dos 7%.
“O ano já começou muito forte. A capacidade ociosa está desaparecendo, o que leva a um aumento da necessidade de investimento. Além disso, houve um recrudescimento da crise lá fora”, analisa.
Desde o fim do ano passado, a consultoria Tendências vem trabalhando com uma das previsões mais acanhadas para o PIB de 2010, 5,2% de alta. Mesmo depois da divulgação do PIB do quarto trimestre, Bernardo Wjuniski, economista da Tendências, não se entusiasmou: “Os resultados foram bons, mas não apareceu nada que levasse a acreditar em um crescimento acelerado”. “A recuperação da economia é consistente, mas acredito que será apenas gradual até o fim do ano. Temos aí a retirada dos estímulos fiscais (como a redução do Imposto sobre Produto Industrializado, o IPI, para alguns produtos) e o aperto monetário. Isso tudo influencia numa previsão mais conservadora”, explica Wjuniski.
Economista-chefe da Link Investimentos, Marianna de Oliveira Costa calcula uma alta de 6% no PIB desde janeiro. Em dezembro, a meta era de 5%.
“Eu me surpreenderia diante do cenário que temos pela frente se o País crescesse menos do que isso. A não ser que, como resultado da alta dos juros, houvesse um efeito muito negativo em atividades como a da construção civil e a de serviços, que hoje me parecem bem fortes”, explica.
PARA LEMBRAR
Luciano Coutinho, presidente do BNDES, disse ontem, em entrevista ao Estado, que “não há pressão inflacionária” e chamou o mercado de “míope”. Segundo ele, graças ao aumento de 18% nos investimentos, é possível prever uma alta do PIB de quase 6% neste ano.
Postado por Luis FavreComentários Tags: crédito, Crescimento, inflação, investimentos, Juros, PIB Voltar para o início
Nenhum comentário:
Postar um comentário