15/04/2010
A direção do PSB deve marcar para a próxima semana reunião com o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) com o objetivo de tomar uma decisão sobre sua pré-candidatura à Presidência. Embora setores do partido estejam irritados com o PT e com a ex-ministra Dilma Rousseff, a tendência dos socialistas é fazer uma aliança com a petista.
Dirigentes do PSB tiveram ontem uma conversa informal sobre o assunto. O senador Renato Casagrande (ES), secretário-geral do partido, defende pressa na decisão sobre o lançamento ou não da candidatura própria. Casagrande é defensor da tese da candidatura própria, acreditando que fortaleceria o PSB.
A maior parte da direção da legenda, no entanto, avalia que a candidatura de Ciro não se viabilizou politicamente e que o partido não tem outro caminho senão a coligação nacional com o PT. Um pré-candidato do PSB a governador admite estar “angustiado”, porque a incerteza com relação à eleição nacional dificulta a costura da aliança local.
Ciro não tem ido a Brasília nem tem mantido contato com a direção do PSB. Tem ficado principalmente em Fortaleza, São Paulo ou no Rio de Janeiro, sem agenda política. A interlocutores, tem dito que vai acatar a decisão do seu partido. Não vai forçar sua aceitação como candidato.
Embora considere uma afronta a visita feita por Dilma ao Ceará, na segunda e terça-feiras, Ciro não mostra disposição de partir para o ataque contra o PT e o governo. Sua maior preocupação é com a candidatura do irmão, governador Cid Gomes (PSB), à reeleição. Não quer prejudicá-lo. Cid, no entanto, também tem problemas com o PT, partido que integra sua base aliada. Cid tem compromisso de apoiar o deputado Eunício Oliveira (PMDB) para senador. O PT lançou o ex-ministro José Pimentel para a outra vaga, mas Cid gostaria de lançar apenas um candidato em sua chapa. Seria uma forma de fazer uma aliança branca com o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), candidato à reeleição.
O PT da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, não aceita essa solução. Ameaça, inclusive, romper a aliança com Cid e lançar um candidato a governador. Um nome cotado é o do ex-governador Lúcio Alcântara (PR), que teve encontro com Dilma recentemente. Cid não gostou da visita da ex-ministra ao Ceará. Chegou a telefonar para o chefe de gabinete de Lula, na véspera – de quem ouviu que Dilma não iria mais. Para sua surpresa, ela foi. O governador faltou a dois eventos com Dilma, nos quais era esperado. Ele a recebeu, mas mostrou seu desagrado com o comportamento do PT local e com o constrangimento pelo qual Ciro passa.
Quem mais protestou contra a ida de Dilma ao Ceará, enquanto Ciro ainda é pré-candidato, foi a senadora Patrícia Saboya (PDT), sua ex-mulher. “Essa hostilidade só afasta os eleitores do Ciro da candidatura da Dilma. Isso já ocorre espontaneamente, porque as pesquisas mostram que, sem Ciro, José Serra (PSDB) cresce. Essa afronta só piora a situação”, disse. Para Patrícia, o comportamento de Dilma e do PT foi “uma falta de respeito e o prenúncio de um desastre. É uma campanha que não sabe respeitar os aliados”.
Ciro sempre manifestou lealdade ao presidente. Transferiu seu domicílio eleitoral para São Paulo, a pedido de Lula, com a finalidade de deixar uma porta aberta à possibilidade de disputar o governo paulista com apoio do PT – sem nomes fortes para a eleição. O deputado foi, também, um dos mais fiéis a Lula na época do escândalo do mensalão, segundo já declarou o petista.
Mesmo assim, Lula não tem feito qualquer gesto de apreço ou prestígio ao deputado. Não há sinalização de entendimento em troca de sua desistência da candidatura presidencial. Segundo aliados, Ciro está decepcionado. O próprio deputado declarou várias vezes que, se não disputar a Presidência da República, não concorrerá a outro mandato eletivo. Pessoas próximas a Ciro acreditam que ele deve, realmente, se afastar da política.
O PSDB não alimenta qualquer expectativa de Ciro vir a apoiar Serra, tamanha é a divergência entre ambos. Os tucanos acham, no entanto, que um afastamento de Ciro da eleição nacional melhoraria a situação eleitoral de Serra no Ceará e facilitaria as alianças entre PSDB e PSB negociadas nos Estados. O PSDB deve apoiar candidatos socialistas a governador no Amazonas e na Paraíba. Há entendimentos em andamento em outros Estados.
Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
Um comentário:
Peraí!
Conheço o Ciro, já morei em Fortaleza, mas não reconheço o direito de NINGUÉM cercar uma região, ou estado, como se fosse um galinheiro e não permitir, ou "ficar magoado" que outro candidato, parceiro ou não, vá lá dar seu recado.
Vamos montar currais, de novo???
Carlos, o Pé
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