segunda-feira, 5 de abril de 2010

Reitor da UFRB afirma: matéria da Veja é preconceituosa, distorcida e manipulada


Para atingir a Dilma, o PIG aponta seus canhões contra as universidades federais.

O Reitor da UFRB reagiu à matéria “Pecados Pouco Originais”, publicada na revista Veja neste fim de semana. Na matéria, a revista afirma que a UFRB está presente somente em Cruz das Almas, tentando fazer com que os leitores acreditem que o investimento representado pela UFRB é injustificável. Como todo mundo que mora por estas bandas sabe, a UFRB está presente em 5 cidades do Recôncavo (número alcançado com a recente inclusão de São Félix). A Veja quer um Recôncavo sem universidade.

Como O Recôncavo já havia denunciado, na entrevista que a revista fez com o reitor e que não foi publicada, o repórter da fina flor da Editora Abril se referiu à UFRB como um “elefante branco no meio do sertão”. Parece inacreditável, mas a Veja acredita que o Recôncavo fica no sertão. Esta ignomínia, entretanto, não foi publicada.

Outra manipulação primária da matéria foi estabelecer, a fórceps, que a UFRB é a pior universidade do país. Mentira. Em uma escala que vai de 0 a 5, a UFRB foi avaliada com a nota 3 no Índice Geral de Cursos, publicado no Diário Oficial da União.

Para entender a matéria é preciso ter clareza que a pauta não é a UFRB, mas os investimentos do Governo Federal na ampliação do ensino superior e na interiorização das universidades. O alvo da revista Veja é o presidente Lula e a sua façanha de ser o presidente que mais construiu universidades no Brasil. A UFRB é somente o meio para alcançar este fim.

A Veja bate na UFRB para atingir a Dilma durante a campanha eleitoral. Uma tentativa pueril de desqualificar os investimentos do governo Lula na ampliação da rede federal de ensino superior, um ponto que Dilma Rousseff deverá explorar na campanha.

A matéria da Veja é o último capítulo do Pacto do Millenium. A matéria da Veja não é sobre educação, embora pareça. O que a revista visa é a sucessão presidencial.

Atenção reitores: o PIG aponta suas canhoneiras conta as universidades federais.

O reitor da UFRB resolveu reagir e denunciar a farsa midiática. A revista recebeu a resposta da UFRB. E que resposta.

Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pela UFRB.

Revista Veja publica matéria distorcida sobre a UFRB

A UFRB esclarece alguns equívocos cometidos na reportagem “Pecados Pouco Originais”, publicada na edição 2.159 da Revista Veja (primeira semana de abril de 2010):

1) É insólito e inédito o princípio defendido pela Revista Veja de que a demanda de uma universidade é aquela estabelecida pelo município de sua sede. A Bahia tem a segunda pior proporção nacional de matrículas em universidades federais para cada mil habitantes e, por isso, precisa ter o número de universidades públicas ampliado em seu território, inclusive por respeito ao princípio federativo;

2) a UFRB é multicampi e possui centros de ensino em 4 cidades do Recôncavo, (Amargosa, Cachoeira, Cruz das Almas e Santo Antonio de Jesus, além do anexo do CAHL em São Félix), não se restringindo ao município de Cruz das Almas, como afirma a matéria;

3) o projeto de implantar uma instituição pública de ensino superior no Recôncavo da Bahia tem origem no Segundo Império, nos meados do século XIX. Trata-se de uma das primeiras regiões urbanizadas das Américas e, ao contrário do que afirma a reportagem, está entre as regiões mais densamente povoadas do interior do Brasil;

4) a UFRB foi avaliada em 2007, apenas em um curso de graduação, herdado da UFBA. Após avaliações de outras variáveis o Índice Geral de Cursos (IGC) da UFRB foi corrigido para 3 (três), em uma escala que vai de 0 a 5;

5) a foto da sala de aula exibida na reportagem foi tirada de um dos cursos noturnos do campus de Cruz das Almas. Os cursos noturnos passaram a ser oferecidos mais recentemente na UFRB. A imagem publicada não corresponde à dinâmica da realidade da maioria dos cursos da nossa instituição. No que diz respeito aos cursos diurnos, a elevada procura dos mesmos determina inclusive a previsão da construção de novos prédios, fundamental para evitar um colapso na infra-estrutura de apoio às atividades acadêmicas da UFRB.

Recebemos o jornalista da revista Veja, João Figueiredo, no gabinete da Reitoria da UFRB, no dia 31 de março. Na UFRB, priorizamos o atendimento a todos os profissionais de imprensa que nos procuram. Entretanto, não podemos deixar de registrar a nossa surpresa com a forma desrespeitosa e preconceituosa com que esta Universidade foi tratada e com a manipulação grosseira verificada na referida matéria, escrita pela jornalista Roberta de Abreu Lima.

Em sua primeira indagação, felizmente não publicada, o repórter da Veja se referiu à UFRB como um “elefante branco no meio do sertão”. Além de grosseira, a pergunta demonstra um total desconhecimento da realidade brasileira e da geografia de nosso País. Como sabemos, a UFRB está situada no Recôncavo, região, por princípio, litorânea. Noutro momento o jornalista perguntou qual o sentido de uma universidade pública naquele deserto. Explicamos que, segundo historiadores e geógrafos, estávamos numa região de vida urbana notável desde a época colonial. Todas as perguntas foram respondidas, inclusive repetidamente, dada a prática do jornalista de repetir a mesma pergunta duas ou três vezes. A entrevista durou cerca de 90 minutos. As respostas apresentadas sobre os temas abordados na reportagem não foram em quaisquer dimensões incluídas na matéria publicada. Portanto, é difícil entender os motivos de tantos equívocos.

Este é um episódio lamentável. A revista Veja é um poderoso veículo de comunicação e exatamente por isso não tem o direito de desconhecer a história do Recôncavo.

Atenciosamente,

Paulo Gabriel Soledade Nacif

Reitor

Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)



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