Saiu na Agência Brasil:
Gastos sociais explicam aumento das despesas da União nos últimos dez anos, diz Ipea
Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A expansão das
despesas primárias da União, nos últimos dez anos, tem sido provocada
pelo aumento dos gastos com transferência de renda e com repasses para
estados e municípios. Segundo estudo divulgado hoje (1º) pelo Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a redistribuição de renda por
meio de gastos sociais é a principal causa do crescimento dos gastos
federais nesse período.
De acordo com o Ipea, o
argumento de alguns economistas de que o governo federal é gastador não
se confirma. Isso porque a análise dos dados de execução orçamentária da
União mostra que o gasto direto do governo com a compra de bens e
serviços e o pagamento de salários do funcionalismo manteve-se
praticamente estável em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), entre
2001 e 2011.
Segundo o estudo, a
transferência de renda às famílias respondeu por 71,1% do crescimento
das despesas da União nos últimos dez anos. Esse aumento, no entanto,
não é sustentado pelo Programa Bolsa Família, principal programa de
redistribuição de renda em vigor, mas pelas aposentadorias, auxílios e
pensões pagos pela Previdência Social.
Os benefícios do Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS), ressaltou o Ipea, responderam por
33,1% do crescimento das transferências às famílias em relação ao PIB,
entre 2004 e 2010. Em segundo lugar, veio o pagamento do
seguro-desemprego e do abono salarial, com contribuição de 26,5%. Os
benefícios assistenciais da Lei Orgânica de Assistência Social (Loas)
representaram 16,2%. Os gastos com o Bolsa Família ficaram apenas em
quarto lugar, com 12%.
Na avaliação do Ipea, a
elevação desses gastos tem sido o principal fator de redistribuição de
renda no país e tem sido importante para expandir o mercado consumidor
interno, que garante o crescimento da economia brasileira mesmo com o
agravamento da crise internacional. “Trata-se, fundamentalmente, da
expansão da cobertura da estrutura de proteção social consagrada na
Constituição de 1988 e que, no período recente, não somente tem cumprido
um papel importante, mas também de dinamismo macroeconômico”, destacou o
estudo.
Outro fator que contribuiu com a
elevação dos gastos federais nos últimos anos foi o aumento da
transferência para estados e municípios, que representou 25,2% da alta
nos gastos federais em relação ao PIB nos últimos dez anos. Esse
aumento, no entanto, não se deve aos impostos que a União é obrigada,
pela Constituição, a compartilhar com as prefeituras e os governos
estaduais. Segundo a pesquisa, as transferências vinculadas a programas
de saúde e educação puxaram esse crescimento de 2001 a 2011.
Diferentemente das
transferências para convênios e realização de obras, os repasses para a
saúde e a educação estão vinculados a alguma previsão legal de
distribuição de recursos entre os entes da Federação. No caso da saúde, o
Ipea atribui o aumento das transferências à Emenda Constitucional 29,
que especifica a aplicação em saúde pelos governos estaduais e
municipais. Na educação, o estudo destaca a complementação da União para
o financiamento do ensino básico de estados e prefeituras por meio do
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb).
Em contrapartida, as despesas
diretas do governo ficaram praticamente estáveis na comparação do PIB.
Nesse período, os investimentos federais vêm aumentando desde 2004,
embora permaneçam abaixo de 1% do PIB. Depois de terem a participação no
PIB reduzida significativamente, nos primeiros anos do governo do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os salários cresceram em 2008 e
2009 por causa da política de reajustes nesses dois anos. Desde então,
informou o Ipea, os gastos com o funcionalismo estão estabilizados.
O aumento dos investimentos e
dos salários, no entanto, foram compensados pela redução dos gastos
administrativos. Segundo o Ipea, o consumo intermediário do governo
(gastos com bens e serviços) caiu em 2003 e 2004 e mantém-se estável até
hoje na comparação com o PIB.
Apesar de ressaltar a
importância do aumento dos gastos sociais para manter o dinamismo da
economia brasileira, o Ipea criticou a maneira como esse processo tem
sido conduzido. Isso porque a alta dos gastos sociais ocorre à custa da
elevação da carga tributária. “Apesar do avanço da estratégia
redistributiva, há crescentes questionamentos sobre as condições fiscais
de sua sustentação no médio e longo prazo”, questionou o estudo, que
pede a realização de uma reforma tributária que diminua o peso dos
impostos sobre as camadas mais pobres da população.
Edição: Lana Cristina
O Globo ficou aflito.
Gastar tanto com o povão !(E ainda dizem, que a Globo quer ir atrás da Classe C.
E, por isso, trocou a Fátima Bernardes pela Patricia (“me dá um dá lá que eu te dou um dá cá”) Poeta.)
Na pág. 15, a repórter (ou editorialista ?) Regina Alvarez diz assim:
“ … o comunicado do IPEA PROCURA DEMONSTRAR (ênfase minha- PHA) por meio dessa análise que … o Governo não é gastador mas transferidor de recursos …”
Quer dizer, a editorialista (ou seria repórter ?) talvez se incline para a versão neolibelês (*): deixa o pobre se esfolar que o mercado corrige.
Não precisa “gastar” com o pobre !
O mercado gasta.
É uma hipótese, amigo navegante.
O problema é que na pág. 17, o mesmo Globo, docemente constrangido, diz que “Expectativa de vida subiu onze anos desde 1980”.
O Globo e o IBGE não destrincham esse dado por governos.
O ansioso blogueiro aposta que a expectativa de vida aumentou com o Nunca Dantes e agora, com a Presidenta.
Pobre e ainda por cima vive mais !
Assim não dá !
Vai “onerar a Previdência”, dizem os colonistas (**) do PiG (***), ou a repórter na mesma pág. 17: aumento da expectativa de vida “interfere no valor das aposentadorias”.
A repórter Juliana Castro entrevista um suposto especialista que demonstra que o aumento da expectativa de vida é péssimo para o trabalhador.
O bom deve ser morrer cedo.
Como diz o Mino Carta, os jornalistas são piores que os patrões.
Que horror !
Paulo Henrique Amorim
Do Blog CONVERSA AFIADA.
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