Crônicas do Motta
A entrada de José Serra na corrida sucessória para a prefeitura paulistana deu inteira razão àqueles que acham que a política não é coisa séria.
Serra, por si só, já é um desses personagens que o tempo encarregou de tornar mais ridículos, com aquele seu ar de intelectual formado pelo almanaque Capivarol, aquelas frases que parecem ter saído da boca do Conselheiro Acácio e o ar soturno que lembra o cardeal Richelieu.
É incrível como tem gente que ainda diz coisas tão absurdas como "o Serra é competente"!
O Serra é, como dizem, a piada pronta.
Agora, então, está numa fase esplendorosa.
Sua atuação, desde que resolveu, bem ao seu estilo, atropelar os ritos formais que tentavam dar um ar de seriedade à escolha do candidato tucano à prefeitura paulistana, tem sido um primor.
Aquela do "Estados Unidos do Brasil", tendo como escada o ex-jornalista "Boris é uma vergonha" Kasoy, outra caricatura ambulante, é para figurar em qualquer antologia das maiores besteiras jamais ditas por um político em todos os tempos.
Se bem que, com Serra, a seleção desses piores momentos seja uma tarefa complicada. Basta lembrar, por exemplo, o episódio da "gripe suína" : "Ela (a gripe suína) é transmitida dos porquinhos para as pessoas só quando eles espirram. Portanto, a providência elementar é não ficar perto de porquinho nenhum", disse certa vez, para tranquilizar a população sobre os riscos de uma epidemia da doença em São Paulo.
O homem é fogo mesmo.
Com ele, uma campanha eleitoral é garantia de muitas emoções.
Principalmente hoje quando a oposição está de posse das informações do livro "A Pirataria Tucana", que exalta as qualidades, vamos dizer assim, "capitalistas", do nosso personagem.
É ver para crer.
E enquanto isso, vamos torcer para que os Datafolhas da vida continuem com o nobre trabalho de dar fôlego à sua candidatura.
30%, 35%, 49%, 52%...
Afinal, ele é ou não o nosso herói, o homem que levou uma surra do ignorante Lula e outra do "poste" Dilma?
Não é o sujeito que assinou declaração passada em cartório dizendo que iria cumprir integralmente seu mandato de prefeito paulistano?
Não é o político que limpa as mãos com álcool depois de apertar as de seus eleitores?
Não é o economista brilhante que escolheu o Estadão e a Folha para publicar suas "teses"?
Com todo esse currículo, nada mais justo que Serra dê a sua contribuição ímpar para tornar esta uma campanha inolvidável.
E que continue a nos fazer rir nas muitas outras que virão.
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