Brasil 247 – O deputador Protógenes Queiroz enviou um pedido ao
Congresso para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para
investigar ‘as práticas criminosas desvendadas pela Operação Monte Carlo
da Polícia Federal’, num prazo de 180 dias. A prisão de Carlos
Cachoeira e dos demais envolvidos na exploração de caça-níqueis e do
jogo do bicho em Goiás revelou constrangedoras ligações entre o crime
organizado com personalidades políticas importantes do estado. Entre
elas, o principal alvo é o senador Demóstenes Torres, tido como exemplo
de ética pelo partido DEM.
Demóstenes recebeu uma cozinha completa como presente de casamento de
Cachoeira e pareceu manter uma amizade íntima com o bicheiro em
conversas telefônicas, se referindo a ele como « professor ». Em
repetidas declarações, disse que acreditava que Cachoeira tinha deixado o
crime. Se aprovada a criação da CPI, terá que se explicar com mais
credibilidade.
Além de desmoralizar o senador goiano, a Operação Monte Carlo também
pode arruinar a carreira política do governador Marconi Perillo, do
PSDB, que entregou a segurança pública do seu estado a um dos maiores
contraventores do País.
Ao contrário de outros pedidos de CPI apresentados pelo deputado
Protógenes Queiroz, como o da "privataria tucana", este tem apoio do PT.
Leia o requerimento do deputado Protógenes Queiroz na íntegra:
Senhor Presidente,
Requeremos a Vossa Excelência, nos termos do § 3º do art. 58 da
Constituição Federal, combinado com os artigos 35 a 37 do Regimento da
Câmara dos Deputados, a criação de Comissão Parlamentar de Inquérito
composta por 25 (vinte e cinco) membros e igual número de suplentes, com
a finalidade de, no prazo de 180 (cento e oitenta) dias, investigar as
práticas criminosas desvendadas pela Operação Monte Carlo da Polícia
Federal, com suspeita de sofisticada prática de espionagem política,
inclusive por interceptações e monitoramento ilegais de dados, que levou
à prisão de Carlos Augusto Ramos, conhecido vulgarmente como “Carlinhos
Cachoeira” e outros.
Segundo informações amplamente divulgadas na grande mídia (sítios,
blogues e redes sociais), o fato é gravíssimo, o que resulta evidente,
para citar um exemplo, na matéria que transcrevemos abaixo, publicada no
Correio Braziliense, do dia 07 de março do ano em curso, in verbis:
“Cachoeira é "arquivo vivo", diz magistrado
Correio Braziliense - 07/03/2012
Juiz responsável pela prisão do bicheiro e comparsas acredita que grupo
tem informações privilegiadas sobre o envolvimento de políticos na
exploração ilegal do jogo em Goiás
Por deterem informações privilegiadas sobre políticos, o bicheiro Carlos
Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e seus dois principais comparsas
são considerados "arquivos vivos" e correm riscos fora de presídios
federais. A quadrilha queexplorava a jogatina desenvolveu uma
sofisticada prática de espionagem política, inclusive com interceptações
ilegais de e-mails. Quando não estavam espionando, membros da quadrilha
— principalmente o líder Cachoeira — frequentavam gabinetes de
importantes políticos, trocavam ligações telefônicas corriqueiras e
mantinham amizades decisivas no meio parlamentar.
As considerações foram feitas pelo juiz Paulo Augusto Moreira Lima, da
11ª Vara Federal de Goiânia, responsável pela decisão que culminou na
Operação Monte Carlo e na prisão de 35 pessoas na semana passada,
incluído Cachoeira. O Correio revelou no domingo que as investigações
detectaram conversas telefônicas entre o bicheiro e parlamentares. "Após
a deflagração da operação e do turbilhão de informações e escândalos
que virão à tona, eles poderão, sem qualquer exagero, ser considerados
"arquivos vivos"", afirma o juiz Paulo Augusto na decisão judicial, em
referência a Cachoeira e a outros dois acusados: Lenine Araújo de Souza,
sócio do bicheiro, e Olímpio Queiroga, suposto dono de uma "franquia"
da jogatina no Entorno. "Eles sabem demais, desde informações de cunho
político aos detalhes e meandros de centenas de crimes praticados. Tenho
tranquilidade em dizer que estarão mais seguros numa penitenciária
federal", ressalta o magistrado. Cachoeira continua preso na
penitenciária federal de Mossoró (RN).
Paulo Augusto menciona ainda a existência de uma "célula responsável
pela realização de sofisticada espionagem política e empresarial,
mediante supostas interceptações telemáticas ilegais". Segundo o juiz, a
quadrilha tinha trânsito fácil junto a políticos, jornalistas e
empresários. A "estreita amizade" de Cachoeira com políticos facilitou
sua atuação ao longo do tempo, segundo Paulo Augusto. O grupo existe há
pelo menos 17 anos. "Temos provas de que políticos abriram seus
gabinetes para os criminosos, jornalistas venderam matérias e
empresários apoiaram e contaram com o apoio de membros da quadrilha."
Os advogados de Cachoeira impetraram dois habeas corpus no Tribunal
Regional Federal (TRF) da 1ª Região para tentar libertá-lo. Os
defensores do bicheiro alegam que as ações de seu cliente com jogos de
azar configuram apenas contravenção, e não crime. Além de corrupção
ativa e passiva, a Polícia Federal acusa Cachoeira de formação de
quadrilha, lavagem de dinheiro e contrabando, entre outros delitos.”
JUSTIFICAÇÃO
Conforme noticia toda a mídia nacional, a Policia Federal, cumprindo
ordem judicial, na chamada “Operação Monte Carlo”, efetuou a prisão, no
Estado de Goiás, de uma grande organização criminosa que operava com
contravenção do “jogo de bicho”, “caça níquel”, corrupção em larga
escala de autoridades civis, policiais e políticos ligados direta ou
indiretamente e infiltrados nos Poderes da República, constituindo uma
verdadeira ameaça ao Estado Democrático de Direito, fragilizando as
instituições.
Como resposta urgente, o Parlamento brasileiro vem a público, de forma
expressa, com pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito, a fim de
proteger as instituições e o povo brasileiro,reafirmando, por
conseguinte, o compromisso com os princípios e as garantias
estabelecidos na Constituição da República.
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