Acabei de ler um
post sobre uma reportagem do jornal nacional. O assunto me interessou e
assisti ao vídeo sobre as descobertas arqueológicas na região do cais
do porto, no Rio de Janeiro. A matéria é curta, porém tem uma flagrante
mentira, embora esta aparentemente tenha sido usada exclusivamente para
dar uma face humana aos restos mortais encontrados. Porém muito cuidado
com o texto da emissora a respeito de uma imagem. Pode não ser o que ela
está dizendo.
Estas crianças na
fotografia foram mostradas como vítimas da escravidão que chegaram ao
Brasil em um navio negreiro. Sim, elas estiveram a bordo de uma dessas
abominações flutuantes, mas foram resgatadas. Eram 95. Este registro é
do dia 1 de novembro de 1868, no HMS Daphne, no litoral oriental da
África. Este navio foi utilizado para evitar que mercadores árabes
continuassem traficando escravos naquela região. Aliás o mesmo que os
britânicos faziam nessa época, no Oceano Atlântico, contra os
brasileiros e portugueses destruidores da dignidade humana em seu
comércio repugnante.
Como eu sei
isto? Já tinha visto uma gravura com esta mesma imagem. Como não sabemos
tudo precisamos nos precaver. Numa reportagem não basta o que/quem,
como, quando, onde e por quê. O principal é avaliar a quem interessa.
Não
podemos confiar no que dizem. O que vemos se transforma no querem que
vejamos. O impacto da visão e o sentimento resultante são manipulados
pelo texto do apresentador. A imprensa, seja a privada ou a pública, tem
um único objetivo: induzir-nos a acreditar que o seu produto é a
verdade. Pode se utilizar de uma fraude aparentemente inocente como esta
ou nos impingir uma gigantesca mentira.
Gravura sobre foto original de George L. Sullivan nationalarchives.gov.uk |
Crianças africanas resgatadas de um navio negreiro |
No Vermelhos Não
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