“No Brasil, nada é tão previsível quanto a
queda de um moralista como Demóstenes
Leonardo Attuch, Brasil 247
Que Vossa Excelência perdoe o chiste, mas o
apelido é inevitável: Senador Cachoeira! Primeiro, ficamos escandalizados com a
revelação de que o senhor, Catão da República, e também moralista número 1 do
Congresso Nacional, é um amigo do peito de um dos nossos maiores
contraventores. Mais escandalizados ainda com a sua desculpa de que não sabia
que Carlinhos Cachoeira se dedicava a atividades ilegais. Depois, novo espanto
com a notícia de que essa amizade fraterna era de copa e cozinha, com direito a
fogões trazidos dos Estados Unidos. Quando nada mais podia nos surpreender,
surgiram as 298 ligações telefônicas, mais de uma por dia, trocadas com o
“professor” no período monitorado pela Polícia Federal. Em seguida, a
descoberta de que as conversas eram feitas num rádio Nextel trazido dos Estados
Unidos – “esta é a minha vida, este é o meu clube”. E agora, de repente,
descobrimos que o senhor, senador Demóstenes Torres, também pediu dinheiro ao
bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Quer saber se isso nos surpreende? Não. De
jeito nenhum. Suas desculpas esfarrapadas é que preparam o terreno para
recebermos com naturalidade cada vez maior os fatos novos da Operação Monte
Carlo. Se amanhã nos disserem que Cachoeira despachava no seu gabinete, que ele
teria financiado sua campanha ao Senado ou que os senhores, além de amigos,
eram também sócios, tudo parecerá ser natural. Previsível até. Tão previsível
quanto a queda de um moralista no Brasil, terra-mãe de Dercy Gonçalves. Aqui,
não há um que resista. E todos os justiceiros que fazem desse método de ação
política uma escada para o poder, mais cedo ou mais tarde acabam caindo.”
Artigo Completo, ::Aqui::
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