de beneficiamento nuclear.
Teerã afirma que seu uso é para fins de geração de energia.
EUA e Israel duvidam.
O Conselho de Segurança da ONU, cartório dos EUA nas nações unidas, deve endurecer e aprovar novas sanções contra o Irã, tensionando ainda mais o cenário para favorecer o estopim de uma ação militar.
O Ocidente também tem pressionado a Síria, devido aos recentes conflitos, mas esquecido dos ataques cruéis que Israel, há décadas, promove contra a Palestina.
Esquecem das colônias judaicas em território ocupado e a restrição de direitos do povo palestino.
Os EUA se calam sobre este massacre, lento e constante.
O Conselho de Segurança não aprova qualquer medida drástica contra o governo de Tel Aviv.
Washington se coloca em um pedestal de defensores da liberdade e da democracia do planeta, construído por maciça propaganda de Estado, mas ignora fatos que não estejam em rota de colisão com seus interesses, como os golpes de estado no Paraguai e em Honduras.
Na entrevista que se segue a este comentário, Hans Blix, diplomata sueco e ex-diretor da agência atômica das Nações Unidas, afirma: "Ninguém poderia dizer que o Irã tem realizado um ataque armado contra uma ou outra nação. Nem mesmo Israel ou os EUA(...) É como alguém que fuma um charuto reclamar de quem fuma um cigarro [ sobre a hipocrisia das potências nucleares]".
Hans Blix: “Ataque contra o Irã pode desencadear uma guerra”, diz ex-chefe da agência nuclear da ONU
As seis potências mundiais (EUA, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha) retomaram em abril as negociações com o Irã para fiscalizar e controlar o programa nuclear do país. No entanto, após novo encontro nesta semana, as seis nações não conseguiram convencer o país persa a abrir suas portas para os observadores internacionais, aumentando ainda mais a instabilidade na região, em meio a uma guerra de ameaças entre iranianos e israelenses.
Ainda que as negociações e as sanções econômicas sejam as estratégias mais usadas pela comunidade internacional contra Teerã, autoridades de EUA e Israel já citaram diversas vezes que um ataque preventivo contra o Irã continua sendo uma alternativa sobre a mesa.
As ameaças vindas de Washington e Jerusalém seguem o mesmo tom do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, que já considerou diversas vezes a possibilidade de varrer o Estado judaico do mapa.
Em meio a essa guerra silenciosa — marcada por atentatos contra diplomatas israelenses, de um lado, e assassinatos de cientistas iranianos, de outro — um ataque contra Teerã provavelmente envolveria grande parte dos países da região.
— Um ataque contra o Irã seria um desastre, ilegal, e poderia desencadear uma guerra no Oriente Médio.
A opinião é do diplomata sueco Hans Blix, que há mais de 30 anos luta contra a proliferação de armas nucleares no mundo. Ex-diretor da agência atômica das Nações Unidas, Blix foi o chefe dos inspetores da ONU no Iraque, em 2002 e 2002, antes da invasão norte-americana ao país.
— Se Israel bombardeasse o Irã, seria terrível. Principalmente porque seria um retrocesso e uma violação ao estatuto das Nações Unidas, que permitiria ataques se fosse um caso de autodefesa.
Em entrevista ao R7, em Estocolmo, Blix adverte que “a única maneira de (EUA ou Israel) agirem legalmente seria por meio de uma permissão do Conselho de Segurança”.
No entanto, diz ele, não há nada que justifique uma ação como essa.
— Ninguém poderia dizer que o Irã tem realizado um ataque armado contra uma ou outra nação. Nem mesmo Israel ou os EUA. (…) E não há como o Conselho de Segurança autorizar um ataque contra o Irã. Mesmo que o caso vá para a Assembleia Geral em busca de autorização, irá falhar.
Senhores das armas
Dentre os seis países que participam das negociações com o Irã, cinco deles são potências que já possuem arsenal de bombas atômicas. Não por acaso, são esses os países que fazem parte do Conselho de Segurança da ONU como membros permanentes: EUA, China, Rússia, Grã-Bretanha e França. A Alemanha é a única nação não nuclearizada entre as seis.
Ao R7, Blix afirma que são esses países que devem liderar o desarmamento nuclear em todo o mundo, em especial os EUA e a Rússia, as maiores potências, antes de cobrar uma postura do Irã.
— É como alguém que fuma um charuto reclamar de quem fuma um cigarro.
Esses cinco países são signatários do TNP (Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares). Assinado em 1968, o acordo prevê o controle dos programas nucleares para garantir uso pacífico da energia atômica e o desarmamento dos países que já desenvolveram esse tipo de arsenal militar.
Quando o documento foi assinado, esses cinco países já tinham desenvolvido armas nucleares, mas até hoje ainda não cumpriram sua parte no TNP.
Como signatário do TNP, o Irã também sofre acusações de romper o tratado desde que um relatório da agência atômica da ONU apontou indícios de que o país estaria fabricando uma bomba atômica. O que as seis potências pedem é que Teerã interrompa o enriquecimento de urânio para seus reatores, já que isso poderia levar ao desenvolvimento de armamento nuclear.
Provocações
O que torna as conversas com o Irã mais quentes, explica Blix, é a forte presença norte-americana na região.
— Os EUA têm enviado porta-aviões para o Golfo, e o tom de Israel também tem sido muito contundentes.
Já com a Coreia do Norte, apesar dos recentes testes nucleares e exercícios militares, o tratamento é diferente.
— A Coreia do Norte tem provocado muito, realizando ação militar. Ainda assim, o outro lado não tem respondido com meios militares. Isso é inteligente porque, se existe na Coreia do Norte o medo de que os EUA vão invadir ou atacá-los, é bom que os americanos não façam ameaças para fortalecer esse medo.
Segundo o especialista em armamento nuclear, a situação na região ainda é “muito quente, mesmo que tenham ocorrido alguns avanços”.
Mas apesar da proximidade entre as tropas dos EUA e o Irã, Blix parece otimista quanto ao desfecho de ambos os casos.
— O que me dá esperança nos dois casos, tanto na Coreia do Norte como no Irã, é que eu não vejo nenhum dos dois exatamente ameaçados por alguém, na questão da segurança.
R7
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