Já ouvimos isso antes
Onde foi mesmo que já ouvimos isso antes?
A
desenvoltura com que o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, saiu a
defender o governador de Goiás, Marconi Perillo, lembra muito a
galhardia com que o PT costuma rebater as denúncias que envolvem
qualquer figura do partido citada por suspeita de participação em
“malfeitos”. Só faltou colocar a culpa no PIG.
Não importa que as
evidências sobre alguma forma de envolvimento do governador com o
esquema de influência do contraventor Carlinhos Cachoeira se acumulem.
Em
vez de exigir que ele se explique, o PSDB prefere oferecer-lhe um braço
amigo desprovido de qualquer salvaguarda moral. Apoia
incondicionalmente um dos seus apenas pelo fato de ser um dos seus.
Repete o erro que já tinha cometido com o senador Eduardo Azeredo.
Repete o erro que já tinha cometido com o senador Eduardo Azeredo.
Aos
poucos, além da incapacidade orgânica de expressar um discurso
articulado de oposição, o PSDB vai perdendo o que ainda lhe restava de
capital moral e político que lhe permita criticar as práticas
fisiológicas e pouco recomendáveis da grande maioria dos partidos que
executam a partitura desafinada da vida política brasileira.
Com que moral, depois desse episódio,o PSBD vai cobrar moral dos outros?
É
mais do que evidente que a CPMI do caso Cachoeira está sendo conduzida –
e com êxito – aos fins a que se destina: a vingança contra Marconi
Perillo por ter afirmado que avisou o então presidente Lula sobre a
prática do mensalão.
Os indícios que se acumulam até agora indicam
que o governador de Goiás tem muitas explicações a dar. Pode ser
chamado a depor de novo e tende a tornar-se, com ajuda de seu partido,
no foco único e exclusivo da CPMI, como queriam os que a criaram.
Não
seria justo que o partido atirasse o governador às feras antes da
comprovação de sua culpa, mas também não é prudente conceder-lhe uma
carta de fiança antes que ele mesmo prove que a merece.
Em vez do
apoio incondicional que significa absolvição prévia, o PSDB poderia ter
oferecido a Perillo o benefício da dúvida, sem condená-lo nem absolvê-lo
antes do devido processo.
Em vez de dedicar-se ao trabalho de
tornar evidente e denunciar a falta de apetite da CPMI para investigar a
fundo as relações da Construtora Delta com os governos que a contratam,
não só no Centro-Oeste, mas em todo o Brasil, o PSDB gasta as suas
energias dedicando-se à defesa de seu correligionário suspeito.
Com uma oposição assim, o governo e a sua base aliada podem continuar desfrutando as delícias do seu piquenique.
Sandro Vaia
é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde,
diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência
Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro
“A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani
Sanchez. E.mail: svaia@uol.com.br
No Blog do Noblat
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