Deputado que subiu à tribuna para evitar a convocação de
Policarpo Júnior pela CPI do caso Cachoeira mereceu espaço de destaque
na revista deste fim de semana: foi retratado como um dos principais
defensores da liberdade de expressão no País; isso é que é gratidão
No cálculo político do deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), deve ter
valido a pena. Na terça-feira passada, quando a CPI do caso Cachoeira
discutia se deveria convocar ou não o jornalista Policarpo Júnior,
editor de Veja, ele subiu à tribuna e foi o único a condenar o
requerimento apresentado pelo deputado Doutor Rosinha (PT-PR) –
amparado na evidência de que o jornalista solicitara ao bicheiro Carlos
Cachoeira, especialista em grampos ilegais, que levantasse ligações do
deputado Jovair Arantes (PTB/GO).
Os que pretendiam ver Policarpo na CPI perderam. Miro, além de ter
ganho a disputa, também recebeu uma retribuição da revista Veja neste
fim de semana. Na seção de frases da publicação, as três com maior
destaque, com direito a foto bem editada no alto de página, são do
deputado carioca. A elas:
“Quando vejo o líder do PT assumindo um discurso de restrição, de
coação ao exercício da profissão de jornalista, me sinto no dever de
falar. Estamos falando de um grande partido. É assim que começam os
estados policiais.”
“É assim que começa um movimento, não é uma questão pessoal. Esse seria
o primeiro, e outros virão atrás. A intimidação, a coação poderá ir
até o plano estadual, ao plano municipal. A imprensa é a única entidade
que investiga o poder. O resto é tudo chapa-branca.”
“O Brasil está se preparando para ser um estado policial como a
Argentina. Querem correr atrás de quem grita ´pega ladrão´ao invés de
pegar o ladrão”.
Miro Teixeira, que já era amigo das Organizações Globo, como foi na
época em que esteve ministro das Comunicações, agora é também amici da Editora Abril.
O Brasil, na sua visão, estava prestes a se transformar numa ditadura
apenas porque um jornalista, que mantinha relações íntimas com um
contraventor especializado em grampos ilegais, falaria diante de uma
CPI. Na Inglaterra, berço da liberdade, a editora Rebekah Brooks, uma
das principais jornalistas do país, se tornou ré porque seu jornal, o já
fechado News of the World, se envolveu em grampos ilegais. O dono,
Rupert Murdoch, foi convocado e não escalou lobistas para evitar seu
depoimento.
Lá, o parlamentar carioca não teria vez.
No Brasil, a imprensa deve ser livre até para grampear deputados como Miro Teixeira. (leia aqui reportagem anterior do 247 a respeito do caso)
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