Evelson de Freitas/AE |
A pesquisa Ibope divulgada ontem (16) confirma que a cria
pode matar o criador. A popularidade do prefeito Gilberto Kassab está despencando.
A sua gestão é considerada ruim ou péssima por 43% dos paulistanos. Apenas 18%
dos entrevistados avaliam como ótima ou boa. Como observa o preocupado Estadão,
“em relação à pesquisa anterior, feita há duas semanas, o saldo negativo passou
de 22 para 25 pontos percentuais”. A notícia explica o “inferno astral” do
tucano José Serra, o padrinho do atual prefeito.
A capital das desigualdades
Agora, a aliança dos tucanos com o impopular Kassab cobra seu
preço. O líder do PSD emplacou o vice (Alexandre Schneider) e é o principal
operador da campanha de Serra – o que, inclusive, gera ciumeiras no seu comando.
Líderes do PSDB até rotularam a sigla de Kassab de “cupim”. E, de fato, os
estragos são grandes. A pesquisa Ibope só confirma que a sua gestão é um
desastre. São Paulo hoje padece de graves problemas e as promessas de campanha
do ex-demo simplesmente não saíram do papel.
Um estudo da ONG Nossa São Paulo constatou no início deste
ano que a situação da capital paulista se deteriorou rapidamente. Ele constatou
que a maioria dos 96 distritos da capital paulista não contava com equipamentos
públicos. “Em 44 distritos não há nem sequer uma biblioteca municipal; 56
distritos não mantém nenhum equipamento esportivo público; e 59 não têm nenhum
centro cultural”, relata o empresário Oded Grajew, coordenador da ONG.
Saúde e mobilidade urbana
O estudo revelou que 1,3 milhões de paulistanos vivem em
favelas e que a situação da saúde é gravíssima. Em 26 distritos, não há nenhum
leito hospitalar. “O tempo médio de marcação de consultas nos serviços de saúde
públicos é de 52 dias. Entre a marcação e a realização de exames, gasta-se 65
dias. Entre a marcação e a realização de procedimentos mais complexos, como
cirurgias, são necessários 146 dias. Muita gente pobre, que depende do sistema
público de saúde, certamente morre no meio do caminho”.
Outro grave problema é da mobilidade urbana. “Para ter
acesso ao trabalho, quem ganha até um salário mínimo fica, em média, duas horas
ao dia no transporte público. Milhões de paulistanos precisam percorrer enormes
distâncias para ter acesso ao trabalho, à saúde, à cultura e aos esportes,
entupindo as vias de circulação. Assim, no item morte no trânsito, a diferença
entre o melhor (Barra Funda) e o pior distrito (Marsilac) é de 32,2 vezes”.
Uma gestão desastrosa
“Mais de 174 mil crianças, basicamente de famílias pobres,
estão sem creche. No item analfabetismo, a diferença entre a melhor e pior
subprefeitura é de 2,4 vezes. O abandono e a distorção entre a idade e a série
são, respectivamente, 52 e 42 vezes menores no ensino privado do que no ensino
público. Educação de qualidade, fundamental para o acesso à cidadania e ao
trabalho mais bem remunerado, é, portanto, privilégio da população de maior
renda”.
O estudo concluiu que São Paulo, apesar da propaganda
ufanista, é a capital da desigualdade. “Do ponto de vista ético, moral,
social
e econômico, não há nada mais insustentável, danoso, antiético,
vergonhoso e
degradante em uma sociedade do que a desigualdade. Ela está na origem de
todos
os problemas que afetam a qualidade de vida da população”, afirma
Grajew. Esta triste realidade explica a queda de popularidade de
Gilberto Kassab e representa uma baita insônia
para o notívago José Serra.
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