quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Mensalão. Toffóli e Mendes serão impugnados pelas partes

 
 
O ministro Dias Tóffoli não se considera impedido de julgar o Mensalão e nem se acha  suspeito de parcialidade. O mesmo sentimento domina o ministro Gilmar Mendes, que não vai se abster de participar do julgamento.
 
Depois das certezas dos dois supracitados ministros lembrei do ensinamento de um jurista europeu sobre a figura do juiz-julgador do século XXI. Ele usa uma imagem é afirma que o juiz   deve ser visto como uma casa.
 
O jurista explica o uso da imagem. O juiz seria como uma casa de vidros claros, numa referência à transparência. A casa deveria estar em lugar retirado, distante,  e isto  numa alusão à imparcialidade do magistrado-julgador. E os alicerces, os pés da casa, deveriam pisar em terra firme de modo a resistir às poderosas e potentes forças externas.
 
Por falar em casa, vem uma pergunta que não quer calar: será que, — para julgar o Mensalão–, duas das 11 casas supremas, –as residências conhecidas por Dias Tóffoli e Gilmar Mendes–, receberiam da sociedade civil alvarás de funcionamento ?
 
A resposta é negativa.
 
Diz o manual de regras, –que se chama Código de Processo Penal–, que o juiz deve, no interesse da Justiça,  afastar-se do  julgamento quando houver incompatibilidade (suspeição) ou ocorrer impedimento.
 
Simples decisões de ordenamento dos autos, ao contrário do entendimento de Toffóli, não apagam o impedimento e nem a suspeição. Ambas as causas são impeditivas de participação voltada ao julgamento do mérito da pretensão punitiva: procedência ou improcedência da acusação contida na denúncia apresentada pela Procuradoria-geral da República.
 
Com efeito, Em viagem internacional realizada “na faixa”, o ministro Tóffoli, como dizem os jovens,  já “causou”. Isso num casamento cinematográfico  de advogado atuante no STF e na Ilha de Capri.
 
Tóffoli, como sabem até as águas do mar Tirreno que banha a Ilha de Capri, o ministro Tóffoli sempre esteve umbilicalmente ligado ao Partidos dos Trabalhadores e ao réu  José Dirceu. O ministro Toffóli não seria nunca escolhido para ministro do STF não fosse o vínculo ao PT, a Lula  e a José Dirceu, de quem já foi advogado. Por isso, é de clareza solar a parcialidade de Tóffoli.
 
Quanto ao impedimento, a visão de Tóffoli é míope. Ele sustenta não estar impedido, pois a lei, no particular, só proíbe a atuação em face de atuação nos autos de esposa. Como só tem namorada, Tóffoli não se sente impedido.
 
Tóffoli, já reprovado em concurso para ingresso como juiz substituto na Magistratura de São Paulo, esquece que os costumes evoluíram. O Código de Processo Penal, que fala em cônjuge, é de 1941. À época não havia a chamada “amizade colorida”. A namorada não viajava e nem dormia com o namorado. Não havia união estável, etc, etc.
 
De fato, a lei processual penal, –que é de 1941 e ainda está em vigor–, fala em impedimento pela atuação de cônjuge. No entanto, a interpretação dessa lei deve ser adequada aos tempos atuais. Não deve a interpretação ser literal, ao pé da letra, restritiva, como entende Toffóli e referente à sua namorada. Aliás, uma namorada com a qual o ministro Tóffoli viaja, se apresenta em solenidades e que foi advogada do réu conhecido por professor Luizinho. Aquele que é acusado de levar uns trocados do Mensalão.
 
No que toca ao ministro Gilmar Mendes, dispensa-se comentário.  Num resumo, ele já se enfiou  em gigantescas, pantagruélcas, atrapalhadas. Já revelou partidarismo. Exagerou nas inconveniências e antecipou decisões e juízos sobre o Mensalão, E até falta de distanciamento houve, a incluir reuniões com políticos do partido dos Democratas.
 
Ora, se o próprio julgador não reconhece a sua suspeição ou o seu  impedimento, cabe às partes a argüição da exceção. E os ministros do STF, no caso do Mensalão,  é que decidirão sobre Tóffoli e Gilmar Mendes. O risco para a sociedade é o corporativismo  falar mais alto.
 
Pano rápido. Hoje, no Supremo Tribunal Federal, os ministros Mendes e Tóffoli são verdadeiros cadernos de matemática, ou seja, só apresentam problemas.
 
–Wálter Fanganiello Maierovitch–
 
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