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Na reunião de ontem dos integrantes da CPI do Cachoeira, o
deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) foi o mais enfático na rejeição ao
pedido de
convocação de Policarpo Jr. para depor sobre as ligações da revista Veja
com o
crime organizado. O requerimento nem sequer foi votado, já que não
contava com maioria. A ideia é apresentá-lo em outra ocasião, levando em
conta
que novas denúncias – como as publicadas nesta semana pela CartaCapital –
deverão complicar ainda mais a vida dos chefões deste pasquim da direita
nativa.
Na defesa da Veja, o deputado abusou do terrorismo. “Policarpo
será o primeiro, mas depois isso aqui vai se tornar um estado policial. Isso vai
se tornar uma Argentina... Chamo a atenção de cada jornalista deste país, dos
meios de comunicação. É assim que começa um movimento, não é uma questão
pessoal. Esse seria o primeiro, e outros virão atrás. A coação poderá ir ao
plano estadual, municipal”, advogou Miro Teixeira, que foi ministro das
Comunicações do governo Lula e sempre manteve sólidos vínculos com os donos da
mídia.
O deputado, que goza de amplos espaços na velha imprensa, tentou
posar de defensor da liberdade de expressão – sempre confundida com a liberdade
dos monopólios. Para ele, o simples depoimento do editor-chefe da Veja
colocaria em risco a liberdade de imprensa no país. Com esta tese rastaquera, o
deputado Miro Teixeira até poderia ser contratado para advogar em defesa do
Rupert Murdoch, o imperador da mídia mundial, que foi obrigado a depor no Reino
Unido devido aos crimes cometidos pelos seus órgãos de imprensa.
Argumentos contrários
Os parlamentares que defendem a convocação rebatem o
terrorismo de Miro Teixeira. “Será que jornalista é protegido de depor em
qualquer lugar, mesmo com suspeita de crime?”, indaga Dr. Rosinha (PT-PR), que
apresentou um estudo comprovando as relações de Policarpo Jr. com a máfia de
Carlinhos Cachoeira. Já o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto, lembra que o
jornalista da Veja utilizou o esquema criminoso para obter vídeos e gravações
ilegais e fabricou reportagens e capas para favorecer os seus negócios
ilícitos.
“Tenho fé que essa CPI vai convocá-lo para explicar a sua relação
com o crime organizado. Tivemos coragem de convocar senadores, governadores,
inclusive, agora, deputados. Espero que não tenhamos medo de convocar um pseudojornalista”,
afirma Jilmar Tatto. Já o deputado Emiliano José (PT-BA) polemiza com a visão
catastrofista de Miro Teixeira, citando as investigações em curso contra os
veículos do magnata Rupert Murdoch. “Vão dizer que o estado inglês é policial?”,
ironizou.
A tropa de choque da mídia
Na defesa da Veja, Miro Teixeira teve o apoio de Domingos Sávio (PSDB-MG), que blefou ao dizer que não protegia a “revista A ou B, mas a liberdade de imprensa”. O adiamento da votação do requerimento, porém, ocorreu por culpa do PMDB. Os seus votos poderiam inviabilizar o depoimento. Há boatos de que barões da mídia – entre eles, Fábio Barbosa, da Abril, e João Roberto Marinho, da Globo - pressionaram Michel Temer, líder do partido e vice-presidente da República, para abortar a convocação do editor-chefe da Veja.
Uma notinha marota na coluna de Ilimar Franco, no jornal O Globo de
hoje, confirma esta manobra:
*****
PMDB não dá apoio ao PT
Durante mais de uma hora, na noite de segunda-feira, líderes
e dirigentes do PT tentaram convencer o comando do PMDB na Câmara a apoiar
requerimento de convocação na CPI do Caso Cachoeira do diretor da revista
“Veja” em Brasília, Policarpo Júnior. O encontro foi realizado na casa do líder
petista Jilmar Tatto (SP) e consta que o mais enfático na defesa da proposta
foi o deputado Emiliano José (PT-BA). Os deputados do PMDB, a despeito da
pressão, se recusaram a dar apoio à iniciativa, alegando que não há fatos que
indiquem que a relação extrapolou o contato entre jornalista e fonte. Os
petistas não se conformaram e avisaram que voltarão à carga.
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