Convocado a depor na CPI do Cachoeira no dia 29, o ex-diretor da Dersa
Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, afirmou que não vai pedir habeas corpus
à Justiça e que está disposto a responder às perguntas dos
parlamentares. Paulo Preto deixou a Dersa - estatal paulista, governada
pelo PSDB encarregada das rodovias - em abril de 2010. "Vou falar tudo o
que eu desejo falar desde 2010 para cá", afirmou
Paulo Preto teria desviado doações recebidas pelo PSDB para campanha de José Serra quando foi candidato a Presidência. Reportagem publicada na Revista IstoÉ,
afirma que Paulo preto "fugiu com R$ 4 milhões" que seriam usados na
campanha de Serra. Paulo Vieira de Souza assumiu a Diretoria de
Engenharia da Dersa durante a gestão do tucano no governo do Estado.
O ex-dirigente indicou que ficará na defensiva em relação a acusações feitas pelo ex-diretor do Dnit Luiz Antonio Pagot. Pagot disse à revista IstoÉ ter
ouvido de um procurador de uma empreiteira que dinheiro de obras do
Rodoanel teria sido desviado para uso em campanha eleitoral de José
Serra.
"Pelo que conheço da personalidade do Pagot, ele vai falar sobre os
esquemas de arrecadação", avaliou Vieira de Souza, que vai à CPI um dia
depois do ex-diretor do Dnit.
Autor de uma das frases mais marcantes da eleição de 2010, Paulo Preto
mandou recado para José Serra (PSDB) -: "Não se larga um líder ferido
na estrada a troco de nada" disse Paulo Preto, em referência ao fato de
Serra ter dito que não o conhecia após o debate em que seu nome foi
citado - No dia seguinte, José Serra lembrou de Paulo Preto e definiu-o
como um engenheiro competente.
Até agora, 'CPI do Silêncio'
Em funcionamento há quatro meses, a CPI do Cachoeira transformou-se na
CPI do Silêncio, onde impera o mutismo dos envolvidos com o esquema do
contraventor Carlos Augusto Ramos.
Dos 32 depoentes, apenas 13 falaram. Em geral os que tinham pouco a
dizer. A lei do silêncio em vigor é fruto de acordo entre governistas e
oposição, que decidiram pela dispensa de depoentes com habeas corpus para ficar calados.
A estratégia teve como objetivo poupar futuros depoentes, como Fernando
Cavendish, principal acionista da Delta, que só vai depor no dia 29.
"Vai ficar muito ruim para esta CPI o senhor Cavendish ficar calado",
diz o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). "O mais importante são as
provas técnicas e não os depoimentos", rebate o presidente da CPI,
Vital do Rêgo (PMDB-PB).
Para o relator, Odair Cunha (PT-MG), o fato de o depoente não falar
sinaliza seu envolvimento com Carlos Cachoeira. Mesmo diante da falta
de avanços na investigação, a CPI deve acabar até 4 de novembro. Cunha
já começou a alinhavar o relatório, que pretende apresentar entre o
primeiro e segundo turnos da eleição, provavelmente no dia 16 de
outubro. No relatório, Cunha deverá propor ao Ministério Público o
indiciamento do governador tucano Marconi Perillo (GO) e do prefeito de
Palmas, Raul Filho.
Saiba mais
Em fevereiro de 2012, a operação Monte Carlo, da Polícia Federal,
revelou as íntimas relações do bicheiro Carlos Cachoeira com políticos,
tanto da oposição como da base aliada.
O senador goiano Demóstenes Torres (ex-DEMo), figura de proa da
oposição, foi o primeiro atingido. Visto como um dos mais combativos
políticos do Congresso, usava sua influência e credibilidade para
defender os negócios de Cachoeira. Acabou cassado.
Os grampos da PF também complicaram parlamentares de pelo menos seis
siglas (PSDB, PP, PT, PTB, PPS e PCdoB), governadores e a Delta, de
Fernando Cavendish, empreiteira com maior número de obras no PAC. As
revelações levaram à abertura de inquéritos no Judiciário e à
constituição da CPI.
No Blog de Um Sem-Mídia
Nenhum comentário:
Postar um comentário