sexta-feira, 5 de julho de 2013

Salários de médicos esfolam prefeituras de cidades pequenas e pobres


Uma categoria comprometida com a verdade e a gramática
Flávia Foreque
Johanna Nublat
De Brasília

Há 18 dias, Khariny Gonçalves e Silva, 33, assumiu a função de única médica de Novo Santo Antônio (MT), cidade a 1.100 km da capital de Cuiabá. Salário: R$ 30 mil.

"Não tem asfalto, não tem esgoto nem água encanada", diz Eleandro Turatti, marido da médica.

A estrutura que encontrou na unidade de saúde não era boa, mas está melhorando, diz Khariny. "O prefeito não sabe o que o posto precisa. Se peço um remédio, na outra semana está chegando."

Com grande rotatividade e dificuldade de fixar um médico, a prefeitura de Novo Santo Antônio --cidade de 2.000 habitantes-- diz que é obrigada a pagar salários elevados.

"Hoje temos a médica, mas deu trabalho. Pago R$ 30 mil para ficar. Se não for [esse salário], não vem médico. E esse valor mata o município", explica Lourivan Santos, secretário municipal de Saúde.

Mesmo após os descontos, o salário de Khariny, que faz jornada de 40 horas semanais e sobreaviso, é mais que o dobro dos R$ 10 mil líquidos anunciados pelo Ministério da Saúde para o programa Mais Médicos para fixar médicos brasileiros e estrangeiros no interior do país.

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