Comitiva viajaria no sábado para cuidar de hospedagem, transportes,
agenda e acordos a serem assinados com o presidente Obama; decisão
ocorre após denúncias de espionagem
Lisandra Paraguassu e Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo
A presidente Dilma Rousseff mandou cancelar o envio da equipe que
embarcaria no próximo sábado para Washington para preparar sua visita de
Estado em outubro. A suspensão ocorre após Dilma ameaçar, nos
bastidores, recusar o convite do presidente Barack Obama por causa das
suspeitas de espionagem sofrida pelo governo brasileiro.
A equipe precursora, formada por agentes de segurança, diplomatas e
cerimonial da Presidência, faz o primeiro reconhecimento para a visita,
analisando questões de logística, hospedagem, transporte, rotas e
instalações em geral – e também a agenda prevista e os acordos que podem
ser assinados.
Normalmente, a antecedência não é tão grande, mas a viagem era tratada como especial por questões de segurança.
O suspensão da equipe precursora não significa que a viagem está já
cancelada – há tempo suficiente para remarcá-la, já que a visita
acontece apenas em 23 de outubro –, mas é uma demonstração, para o
governo americano, do nível de desagrado no Palácio do Planalto.
A irritação da presidente com a revelação de que ela pode ter tido
mensagens eletrônicas monitoradas continua grande, a ponto dela estar,
segundo assessores, sem disposição de conversar com Obama em São
Petersburgo, onde ambos participam da reunião do G20.
De acordo com um assessor, Dilma informou que, para que a presidente
fosse convencida da importância de confirmar a viagem era preciso, por
exemplo, que os EUA pedissem desculpas pelas espionagens, se retratassem
e assegurassem que não vão mais fazer isso - o que é bastante
improvável que aconteça, dado os sinais negativos do governo Obama até
agora.
A decisão definitiva sobre o cancelamento deverá aguardar que os
americanos apresentem suas novas justificativas – dessa vez, exigidas
por escrito. Setores do governo ainda defendem a viagem, mas Dilma
espera uma resposta bastante diferente da recebida até agora.
“Frustrante” e “decepcionante” foram os adjetivos usados pelo governo
brasileiro para descrever o resultado da recente missão política do
ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso, que ouviu apenas “nãos” e
vagas promessas de um grupo de trabalho entre os dois países – proposta
não aceita pelo Brasil.
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