24/03/2014
Portal Terra
Compositor e escritor, Aldir Blanc Mendes é um nome que se confunde com a luta pela anistia aos exilados e presos políticos brasileiros, vítimas das perseguições dos militares.
Sem pegar em armas nem fazer parte de nenhum grupo armado, empunhando apenas violão e voz, esse médico psiquiatra carioca inspirou a luta por Democracia no Brasil com versos.
Ao lado do amigo João Bosco, compôs aquela que vai ser para sempre lembrada como a canção da liberdade, o hino da Anistia: “O Bêbado e o Equilibrista”.
É a canção que narra o desejo de uma nação de tantas “Marias e Clarisses”, que naquela época tiveram seus companheiros assassinados pela repressão. (Maria, viúva de Manoel Fiel Filho, e Clarisse Herzog, viúva de Vladimir Herzog.)
Depois de 36 anos de suplicar em poesia corajosa pela “volta do irmão do Henfil” e de “tanta gente que partiu num rabo de foguete”, Aldir Blanc assiste o retorno dos arroubos autoritários com a reedição da “Marcha da Família com Deus, pela Liberdade” sem perplexidade e nem surpresa:
“Não estamos ‘revivendo’ nada, porque o fantasma de todo aquele horror nunca se foi. Ninguém foi julgado ou condenado por tortura e assassinato político. Um palhaço apareceu, durante a construção do estátua de João Cândido, na Praça 15 (Rio de Janeiro), e ameaçou: ‘Se essa merda apontar para o Colégio Naval, a gente volta aqui e explode tudo’. Esses criminosos estão por aí, foram promovidos”, pontua.
Irreverente, direto nas palavras e sem economizar adjetivos e bom humor, Aldir Blanc lembra que, muito antes de provocação pública da reedição da “Marcha…”, o Brasil já vinha assistindo diariamente o despertar do ódio e das forças obscuras da repressão. Até dentro do próprio Congresso, que deveria ser símbolo da Liberdade pública:
“O deputado Rosconaro [Jair Bolsonaro – sic] declarou que ‘nosso mal foi torturar demais e matar de menos’. É nesse pântano que vivemos. Gorilas com próstatas do tamanho de melões se reúnem no Clube do Bolinha para comemorar o golpe. Hoje mesmo, um ex-coronel admitiu que os presos da Casa da Morte, em Petrópolis, eram mortos, despedaçados e davam sumiço nos restos em um rio da região serrana…”, lembra o compositor.
Aos 67 anos, o médico psiquiatra que tratou diversos presos e familiares de desaparecidos diz que a fórmula para se livrar do que ele chama de “fantasmas” está na revisão da Lei da Anistia e na retomada da agenda inclusiva.
“O Brasil precisa punir ou pelo menos desacreditar assassinos e torturadores. Fazer reforma agrária, melhorar a renda dos pobres, dinamizar Educação, Saúde e Transportes. Acabar com a apodrecida ‘base de sustentação’”, diz o compositor, em referência ao PMDB e os demais partidos fisiológicos que estão com os governos desde a retomada do direito ao voto.
Sobram críticas indiretas de Aldir Blanc até para o PT e a presidente Dilma Rousseff, por manter a governabilidade a qualquer custa inventada por Sarney ao chegar ao poder, e repetida por FHC e Lula:
“[O Brasil] precisa parar de aparelhar ministérios com idiotas burro-cratas do PCdoB – enfim, cumprir minimamente a agenda inicial dos partidos de esquerda que parecem perdidos e aceitando essas merdas de Bumbum Garoto ou Rosinha Escrota que apareçam para vencer a qualquer preço”, analisa Blanc.
O fato de estar eternizado “O Bêbado e o Equilibrista” na história do País não muda nada, segundo Blanc.
A vontade de um Brasil melhor e justo, segundo o compositor, vale mais que qualquer lugar na memória de um povo:
“A eternidade sem chope e xoxota é uma boa merda, mas espero um País melhor para meus cinco netos e um bisneto [até agora…]. Não raro, sinceramente, olho pra eles e tenho vontade de chorar. O que vem por aí não é mole…”, concluí o bisavô que não costuma esconder a emoção, mesmo 36 anos depois, ao ouvir e lembrar o significado de “O Bêbado e o Equilibrista” para o Brasil.
Rodrigo Rodrigues, via Compositor e escritor, Aldir Blanc Mendes é um nome que se confunde com a luta pela anistia aos exilados e presos políticos brasileiros, vítimas das perseguições dos militares.
Sem pegar em armas nem fazer parte de nenhum grupo armado, empunhando apenas violão e voz, esse médico psiquiatra carioca inspirou a luta por Democracia no Brasil com versos.
Ao lado do amigo João Bosco, compôs aquela que vai ser para sempre lembrada como a canção da liberdade, o hino da Anistia: “O Bêbado e o Equilibrista”.
É a canção que narra o desejo de uma nação de tantas “Marias e Clarisses”, que naquela época tiveram seus companheiros assassinados pela repressão. (Maria, viúva de Manoel Fiel Filho, e Clarisse Herzog, viúva de Vladimir Herzog.)
Depois de 36 anos de suplicar em poesia corajosa pela “volta do irmão do Henfil” e de “tanta gente que partiu num rabo de foguete”, Aldir Blanc assiste o retorno dos arroubos autoritários com a reedição da “Marcha da Família com Deus, pela Liberdade” sem perplexidade e nem surpresa:
“Não estamos ‘revivendo’ nada, porque o fantasma de todo aquele horror nunca se foi. Ninguém foi julgado ou condenado por tortura e assassinato político. Um palhaço apareceu, durante a construção do estátua de João Cândido, na Praça 15 (Rio de Janeiro), e ameaçou: ‘Se essa merda apontar para o Colégio Naval, a gente volta aqui e explode tudo’. Esses criminosos estão por aí, foram promovidos”, pontua.
Irreverente, direto nas palavras e sem economizar adjetivos e bom humor, Aldir Blanc lembra que, muito antes de provocação pública da reedição da “Marcha…”, o Brasil já vinha assistindo diariamente o despertar do ódio e das forças obscuras da repressão. Até dentro do próprio Congresso, que deveria ser símbolo da Liberdade pública:
“O deputado Rosconaro [Jair Bolsonaro – sic] declarou que ‘nosso mal foi torturar demais e matar de menos’. É nesse pântano que vivemos. Gorilas com próstatas do tamanho de melões se reúnem no Clube do Bolinha para comemorar o golpe. Hoje mesmo, um ex-coronel admitiu que os presos da Casa da Morte, em Petrópolis, eram mortos, despedaçados e davam sumiço nos restos em um rio da região serrana…”, lembra o compositor.
Aos 67 anos, o médico psiquiatra que tratou diversos presos e familiares de desaparecidos diz que a fórmula para se livrar do que ele chama de “fantasmas” está na revisão da Lei da Anistia e na retomada da agenda inclusiva.
“O Brasil precisa punir ou pelo menos desacreditar assassinos e torturadores. Fazer reforma agrária, melhorar a renda dos pobres, dinamizar Educação, Saúde e Transportes. Acabar com a apodrecida ‘base de sustentação’”, diz o compositor, em referência ao PMDB e os demais partidos fisiológicos que estão com os governos desde a retomada do direito ao voto.
Sobram críticas indiretas de Aldir Blanc até para o PT e a presidente Dilma Rousseff, por manter a governabilidade a qualquer custa inventada por Sarney ao chegar ao poder, e repetida por FHC e Lula:
“[O Brasil] precisa parar de aparelhar ministérios com idiotas burro-cratas do PCdoB – enfim, cumprir minimamente a agenda inicial dos partidos de esquerda que parecem perdidos e aceitando essas merdas de Bumbum Garoto ou Rosinha Escrota que apareçam para vencer a qualquer preço”, analisa Blanc.
O fato de estar eternizado “O Bêbado e o Equilibrista” na história do País não muda nada, segundo Blanc.
A vontade de um Brasil melhor e justo, segundo o compositor, vale mais que qualquer lugar na memória de um povo:
“A eternidade sem chope e xoxota é uma boa merda, mas espero um País melhor para meus cinco netos e um bisneto [até agora…]. Não raro, sinceramente, olho pra eles e tenho vontade de chorar. O que vem por aí não é mole…”, concluí o bisavô que não costuma esconder a emoção, mesmo 36 anos depois, ao ouvir e lembrar o significado de “O Bêbado e o Equilibrista” para o Brasil.
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