No item confiança, dá empate técnico |
Nirlando Beirão, CartaCapital
Querendo ou não, a tevê é o xodó midiático dos
brasileiros. Parece uma revelação tão antiga quanto os suspensórios do
Jô Soares, tão óbvia como a pauta do Jornal Nacional, tão repetitiva quanto um comentário da Miriam Leitão.
A escandalosa predominância está agora
atestada, de papel passado, pela mais ampla pesquisa sobre meios de
comunicação jamais feita no Brasil. A serviço da Secretaria de
Comunicação Social da Presidência, o Ibope entrevistou mais de 18 mil
pessoas nos 26 estados e no Distrito Federal.
Conclusão acachapante: apenas 3% dos brasileiros não
assistem à televisão. Ou seja, 97% estão ligados, sempre, com frequência
ou ocasionalmente. Mesmo os que dizem odiar a tevê adoram alimentar seu
ódio ... assistindo à tevê.
O Ibope foi mais longe: quis mensurar a preferência pela
tevê em comparação com as outras mídias, numa pergunta tipo que veículo
você levaria para uma ilha deserta? Deu 76,4% para a tevê (um dolorido
pudor me impede de comentar os resultados da mídia impressa).
Querem mais? No Brasil, 67% da população,
ou seja, 130 milhões de almas, sintonizam a televisão todos os dias. E a
média diária de permanência à frente da telinha é de 3h26 nos dias de
semana (3h20 aos sábados e domingos). A pesquisa desce a detalhes. A
tevê, de acordo com seu público consumidor, oscila entre o lixo e a
informação. Mas o próprio espectador guarda uma salutar distância
daquilo que ouve quando a televisão simula ser “séria”. Entre confiar e
desconfiar da notícia de tevê, dá empate técnico: 49% a 51%. Por via das
dúvidas, é ainda melhor se fiar no que vem impresso no papel.
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