Não tenho relações pessoas com Breno Altman, diretor do excelente site Opera Mundi. Mas este blog tem o dever de oferecer seu pequeno alcance para contribuir para que se restaure a imagem e a honra de quem foi criminosamente exposto por uma ação histérica e irresponsável não apenas do Ministério Público como do próprio Sérgio Moro, que determinou a busca e apreensão em sua casa e a condução coercitiva com base – como o próprio juiz reconhece na sentença – apenas em declarações de comprovados criminosos.
Moro admite que “não há nos documentos qualquer elemento que o relacione às operações, nem os valores passaram por sua empresa, nem há uma vinculação necessária entre ele e a gestão financeira do Partido dos Trabalhadores”.
Altman está absolvido, é inocente, não cometeu crime algum.
E o Dr. Moro, quando imprudentemente o expôs à execração pública, quando mandou invadir sua casa, quando espalhou seu nome como alguém envolvido em corrupção e assassinato, sem nenhuma prova, mas apenas com a convicção de que todo petista, esquerdista e oposicionista é um potencial criminoso, deve ser absolvido?
Provavelmente seremos você e eu quem pagaremos por Moro, porque Altman deveria mover um processo de danos morais e à sua imagem públicacontra o Estado brasileiro.
Leiam o depoimento de Breno Altman, publicado no Opera Mundi:
O juiz Sérgio Moro, nessa última
quinta-feira, finalmente exarou a sentença relativa ao processo no qual
eu era réu, oriundo do 27º episódio da Operação Lava Jato, denominado
“Operação Carbono 14”.
Diz a decisão, a meu respeito:
“Breno Altman é apontado por três
pessoas como envolvido no crime, Marcos Valério de Souza, Alberto
Youssef e Ronan Maria Pinto. Mas são todos depoimentos problemáticos,
provenientes de pessoas envolvidas em crimes. Diferentemente dos demais,
não há nos documentos qualquer elemento que o relacione às operações,
nem os valores passaram por sua empresa, nem há uma vinculação
necessária entre ele e a gestão financeira do Partido dos Trabalhadores.
Por falta suficiente de prova, deve ser absolvido.”
Após quase um ano sob investigação e
processo, o magistrado responsável pela 13a Vara Federal do Paraná
reconhece minha inocência.
No mar de irregularidades e abusos
que inunda a vida político-judiciária do país, minha absolvição é uma
pequena e modesta vitória daqueles que têm compromisso com a
Constituição, a democracia e o Estado de Direito.
Mas esse momento de alegria não anula
a gravidade dos fatos que o antecederam e a preservação do ambiente de
perseguição política que dita a conduta de muitos atores do sistema
judicial.
Lembremos que esse processo foi
iniciado com o Ministério Público Federal anunciando que o objetivo
central das investigações era comprovar o vínculo entre atos de
corrupção e o assassinato do ex-prefeito de Santo André, Celso Daniel.
Durante dias, promotores e veículos
de informação expuseram os réus à execração pública, vinculando-os a uma
sórdida hipótese que mesclava sangue e lama.
Com a decretação de prisões
preventivas e conduções coercitivas, alimentou-se um espetáculo
midiático cujo único propósito era celebrar mais uma bala de prata
contra o Partido dos Trabalhadores.
Após um ano, a denúncia do MPF
simplesmente desapareceu com qualquer referência ao homicídio do
ex-prefeito e à extorsão que estaria sendo praticada contra dirigentes
petistas para esconder sua alegada relação com o delito de morte.
A peça acusatória final se resumiu a
36 páginas, das quais apenas seis linhas dedicadas a mim, pedindo a
condenação dos réus por lavagem de dinheiro, sem qualquer preocupação em
apresentar provas de dolo ou ir além de testemunhas com duvidosa
credibilidade, como reconhece o próprio juiz.
Caso não prevalecesse o aparelhamento
da Justiça como trincheira ideológica, caberia honradamente ao próprio
MPF tomar as devidas cautelas antes de lançar cidadãos ao Coliseu da
opinião pública, agindo com menos açodamento e mais zelo pelos direitos
constitucionais.
Mesmo declarado inocente, paguei uma
pena severa e irreparável por crime jamais cometido. O espetáculo
processual atingiu frontalmente minha imagem e levou à ruptura dos
contratos publicitários do site que dirijo, eliminando postos de
trabalho e golpeando um dos veículos de maior prestigio da imprensa
independente.
Como jornalista, tampouco posso ficar
indiferente às injustiças que se mantêm, como a condenação sem provas
contra Delúbio Soares, reforçando suspeitas de quem acusa a Operação
Lava Jato por ser centralmente orientada para abalar e destruir o
principal partido da esquerda brasileira.
Por fim, agradeço o incrível trabalho
de meus advogados, bem como a solidariedade inquebrantável de meus
familiares, amigos e companheiros.
Espero que minha absolvição sirva, de
alguma maneira, como motivo de ânimo aos que lutam, nas ruas e nas
instituições, contra a escalada antidemocrática que machuca nosso país.
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