Um dos blogueiros da Veja postou no Twitter um comentário sobre o vencedor do Oscar em 2017 – Moonlight: sob a luz do luar – que muitos estão considerando racista, por razões óbvias.
O comentário infeliz desse indivíduo se conecta a uma questão que muitos desconhecem…
Havia uma disputa maior na entrega do Oscar deste ano. Uma das produções candidatas a melhor filme era sobre um “gay, negro e maconheiro” arrastado para o lado errado pelas vicissitudes da vida; o adversário era um romance hiper açucarado protagonizado por uma bela loirinha de olhos claros.
Na segunda-feira, a Folha de São Paulo destacava o que chamou de “Oscar negro”. Foi ridículo. Se uma produção de brancos ganhasse o Oscar de melhor filme haveria matéria chamando a premiação em 2017 de “Oscar branco”?
Esse tipo de diferenciação é uma forma de preconceito e de desqualificação de uma etnia.
Em sete minutos, porém, os dois longas ganharam o Oscar de melhor filme. E esse episódio bizarro, que empanou a vitória de Moonlight sobre La la land, pode até não ter nada que ver com a disputa, mas nunca antes na história da Academia norte-americana de cinema ocorrera coisa igual.
Eis o que houve.
Fred Berger era o terceiro produtor de La la land a discursar quando a confusão começou. A estatueta não pertencia a ele e à sua equipe, como os atores Faye Dunaway e Warren Beatty haviam anunciado. O melhor longa-metragem da edição 2017 do Oscar, na noite de domingo, era Moonlight: sob a luz do luar, de Barry Jenkins.
A empresa PricewaterhouseCoopers (PwC), que audita a cerimônia do Oscar, assumiu a culpa, por meio de um comunicado. “Os apresentadores receberam o envelope da categoria errada. Quando descobrimos, isso foi imediatamente corrigido”, dizia o texto.
A atriz Jessica Chastain escreveu no Twitter, imediatamente: “Por que os produtores do show não correram para o palco quando o vencedor errado foi anunciado? Estou muito triste pela equipe de Moonlight. Gostaria que eles tivessem a experiência completa de ganhar o prêmio de melhor filme sem tanto constrangimento”.
Essa discussão sobre os méritos de Moonlight se espalhou ao menos pela elite de São Paulo. A turma do andar de cima fica enraivecida quando negros sobressaem e não engoliu a supremacia de um negro sobre a loirinha ideal.
O blogueiro da Veja apenas vocalizou discussão que vinha se dando nos salões dos ricaços paulistanos, enojados com a vitória da história de um “negro, gay e maconheiro” sobre o romance da personagem da estonteante Emma Stone”.
A forma calhorda desse sujeito de se referir a negros e homossexuais é um dos sintomas da ascensão do fascismo no Brasil.
Essa vergonha vai perdurar até que alguém mostre a essa gente que desqualificar o mérito de negros vencedores é incompatível com um país no qual negros e descendentes de negros são maioria.
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