Vamos contar duas histórias, que estão à espera do nosso famoso “jornalismo investigativo”.
Apenas fatos e documentos, sem qualquer ilação.
História N°1:
No dia 1° de fevereiro deste ano, a edição digital do jornal
Monitor Mercantil publicou:
“
A One Equity Partners (OEP), braço de investimentos do banco
J.P.Morgan, acertou a aquisição de 50% do Portal de Documentos, empresa
brasileira que fornece soluções de gestão integrada nos serviços de
cobrança de crédito”“
Cinco dias antes, a Portal de Documentos, até então uma empresa
limitada, com capital social de R$ 200 mil, transformara-se em
Sociedade.
Naquele 1° de fevereiro, a Portal de Documentos
realiza uma assembléia,
mas não há transferência de cotas para a OEP ou para o JP Morgan. Há,
porém a eleição de dois cidadãos americanos como conselheiros
administrativos:
Bradley J.Coppens e
Christian (que está grafado como Christina na Junta Comercial) Patrick Raymond Ahrens,
ambos diretores da empresa de investimentos ligada ao JP . Amos
fornecem CPF errado e indicam como residência Strawinskylaan 1135,
NL-1077, a sede do JP Morgan na Holanda, embora o banco possua uma aqui,
e muitos negócios no Brasil, como
a compra, em outubro de 2010, da Gávea Investimentos, de Armírio Fraga, ex-presidente do BC no Governo FHC.
Na mesma assembléia, Bradley e Arhens nomeiam sua procuradora com plenos poderes.
A Sra. Verônica Allende Serra.
História N°2:
Era uma vez três empresas modestas.
A
Dernamo Participações Limitada, a mais rica de todas, com capital
social de R$ 1.000,00 e duas outras, bem modestas, a Gurham
Participações Ltda. e a Hemath Participações Ltda, cada das duas com
R$ 100 (cem reais, não cem mil) de capital registrado.
Todas foram criadas por um escritório de despachantes, o Serpac –
Serviços Paralegais e Contábeis – atualmente chamada TMF – que, criado
em 2007 com capital de R$ 100 mil, pulou para mais de R$ 820 mil em em
2009.
Mas voltemos às três empresinhas.
Em junho de 2009, o J.P. Morgan Trustee and Depositary Company , de
Londres, compra 99% da Dermano, por R$999. Em março de 2010, faz o
mesmo com a Gurham e com a Hemath, pagando 99 reais por cada uma.
E aí, quem é nomeado administrador da empresa, que passa a chamar-se Select Brazil Investimentos Imobiliários?
Sim, ele, o multihomem, José Tavares de Lucena, que
é o representante brasileiro da Citco do Caribe e gestor das empresas de Paulo Henrique Cardoso,
o PHC: a Radio Holdings e a Rádio Itapema, a famosa Rádio Disney, em
sociedade com a Walt Disney Corporation, sob o nome de ABC Venture Corp.
Com ele, o outro administrador da rádio PHC, Jobiniano Vitoriano Locateli.
E aí a empresa é capitalizada em mais de R$ 18,9 milhões!
A mesma coisa aconteceu com a Ghuram e a Hemat, mas em escala ainda
maior. Dos R$ 100 de capital social que cada uma tinha, passou-se, de
uma só tacada, para R$ 57.134.999,00 na Ghuram e para R$ 54.977.782,00
na Hemath.
Que destino será que tomaram estes mais de R$ 130 milhões vindos de fora,justo em 2010?
As três empresas são renomeadas, neste processo, como Select Brazil
Investimentos Investimentos Imobiliários – I, II e III – e cada uma tem
um real (isto mesmo, R$ 1) de participação da Select Brazil Nominee
Limited, com sede em Londres, mais precisamente no escritório de
advocacia Addleshaw Goddard & Co ., se estiver correto o endereço
fornecido.
Dois contadores, diga-se, que vivem em casas modestas, considerando
que o primeiro é administrador, diretor ou conselheiro de 66 empresas e o
segundo de 204 empresas, a grande maioria com participação de capital
estrangeiro.
PS:os documentos, que é só clicar e ampliar e todas as informações
societárias foram obtidas dos arquivos online da Junta Comercial de São
Paulo. São públicos. Basta fazer o cadastro e pesquisar. Ou isso será
pedir muito ao “jornalismo investigativo”?
Do Blog
TIJOLAÇO.COM
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