terça-feira, 20 de março de 2012

Crítica de Marx – Consciência Invertida da Ideologia Alemã

por Francisco Antônio de Andrade Filho


A inversão da consciência dos ideólogos alemães é para Marx a expressão teórica de uma inversão real, própria da sociedade mercantil capitalista: nela o processo de produção e reprodução da vida material é independente das necessidades dos homens. Produtos da mão do homem se convertem em coisas autônomas, em objetos valiosos, que parecem situar-se numa dinâmica própria, separada da atividade humana.
Nesta linha, pode-se afirmar que se trata do “fetichismo” do mundo das mercadorias, pelas quais os produtos do pensamento do homem são coisificados como forças autônomas que parecem dirigir a história. Todos os bens que circulam no mercado capitalista deixam de ser objetivos intuitivamente concretos para se cristalizar como mercadorias. Sua forma de valor não é percebida como expressão de relações sociais senão como propriedade das coisas mesmas, cujas leis aparecem como potências cegas, atrás das quais se ocultam, na verdade, relações sociais de poder.
Esse filósofo alemão insiste que “os pensamentos da classe dominante são também, em todas as épocas, os pensamentos dominantes…”, mostrando em sua obra que o problema da ideologia não pode ser separado da questão política da dominação. Ele nos diz que existem ideologias dominantes e dominadas. Que a ideologia dominante não se destina somente à classe dominante, mas ainda às classes dominadas, e, nesse sentido, parece razoável asseverar que ela é só digna desse epíteto, na medida em que ou enquanto ela é capaz de sufocar, reprimir ou, ao menos, controlar, a ideologia destas últimas.
Essa introdução à crítica das ideologias em Marx parece nos conduzir à crítica da religião e à crítica da consciência burguesa como dois exemplos nesta linha de análise. Numa próxima publicação neste espaço, provocaremos um forte diálogo sobre a temática.
Faça seus comentários sobre esta explicação de Kurt Lenk sobre a crítica de Marx à ideologia religiosa nesses termos:
“A idéia central da crítica a Feurbach à religião, a saber, que a afirmação de um Deus onipotente implica a negação da essência humana, negação que só pode ser cancelada anulando esse “alheamento” do ser humano genérico, vale também para a teoria da alienação de Marx. Entretanto, aqui, aquela essência misteriosa já não mais é um sujeito divino, mas o capital morto, que na economia de troca capitalista, prevalece sobre o trabalho vivo. Na medida em que os produtos da atividade humana se tornam cada vez mais complexos e diferenciados, as forças e capacidades do trabalhador tendem a perder seu vigor. Quanto mais este produz, menos pertence a si mesmo. Sua dependência cresce junto com a multiplicação do capital, posto que cada produto novo atesta o predomínio do trabalho objetivado…”.

Veja também:
  1. Marx – Crítica das Ideologias Políticas
  2. Interditar o Governo de Lula: Crítica da Dilma à Ideologia de Segurança Nacional na politicagem do PIG & PSDB & DEM
  3. Consciência na América Latina [Ciberespaço do Recado]
  4. Indagar, questionar, problematizar: do senso comum à consciência filosófica
  5. Ideologia Política da Nova República do Brasil [Parte 1]

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Do Blog O Recado da Pesquisa.

2 comentários:

Habbo-Moedas disse...

Olá, achei muito interessante este artigo. Mas gostarias de fazer uma pergunta fora do assunto. Tenho uma peça circular de Bronze com escritas alemãs , ja esta na minha a aprocimadamente 40 anos e gostaria muito de saber sua origem. Me ajudem, email:felipe_mano_lok@hotmail.com

Habbo-Moedas disse...

Olá, achei muito interessante este artigo. Mas gostarias de fazer uma pergunta fora do assunto. Tenho uma peça circular de Bronze com escritas alemãs , ja esta na minha a aprocimadamente 40 anos e gostaria muito de saber sua origem. Me ajudem, email:felipe_mano_lok@hotmail.com