O senador Demóstenes Torres recebeu o apoio de 43 colegas no plenário |
Depois de conversar por 298 vezes com Carlinhos Cachoeira em sete meses e após ser presenteado pelo bicheiro com uma cozinha importada dos Estados Unidos e avaliada em US$ 27 mil (R$ 46,7 mil), o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) recebeu ontem apoio irrestrito de 43 senadores, que assumiram a palavra em plenário e deram voto de confiança ao líder do DEM. Demóstenes fez um discurso de 10 minutos na tribuna, iniciado às 16h25, para se defender das acusações de proximidade a Cachoeira e de troca de favores. Foi o primeiro pronunciamento desde a revelação da existência das conversas telefônicas.
Aos 72 senadores presentes em plenário, o senador admitiu ser amigo do bicheiro, mas negou ser alvo de qualquer investigação referente à Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal na semana passada. Recebeu apoio verbal de mais da metade dos senadores presentes, dos mais diferentes partidos: PT, PMDB, PR, PDT, PSB, PSol, PSDB e do próprio DEM. Entre os apoiadores, estavam o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), Pedro Simon (PMDB-RS) e Pedro Taques (PDT-MT), ex-procurador da República. Taques divide os holofotes com Demóstenes, ex-promotor de Justiça, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
No pronunciamento, Demóstenes disse não ser investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). “Não existe nem nunca existiu nenhuma apuração que envolva meu nome. Não estou aqui para me defender, pois não há motivo para isso.” O senador disse que Cachoeira, como empresário, frequentava a alta sociedade em Goiás. “Contato pessoal não significa participação em seus negócios ocultos.” Demóstenes admitiu ter recebido um fogão e uma geladeira do bicheiro como presentes de casamento. “É recomendável não perguntar o preço dos presentes dados por amigos. Podem grampear à vontade, isso não vai me intimidar.” Ao fim do discurso, o senador disse que exige ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal, “o foro adequado”.
O discurso não foi novidade para a maioria dos presentes. A fim de obter a exata temperatura das denúncias entres os pares, Demóstenes ligou para os principais líderes da base aliada do governo numa tentativa de desarmar qualquer iniciativa de reprimenda. Os telefonemas começaram a ser disparados na véspera do discurso. “Ele me ligou para se explicar sobre o episódio”, disse ao Correio o senador Jorge Viana (PT-AC). Na lista de líderes que receberam o contato de Demóstenes, estavam o do PR, Blairo Maggi (MT), e o do PCdoB, Inácio Arruda (CE). Também foram contatados os senadores Humberto Costa (PT-PE), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Pedro Taques (PDT-MT) e Vanessa Grazziotini (PCdoB-AM).
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