As primeiras interceptações
telefônicas da investigação que resultou na Operação Monte Carlo tiveram
parecer favorável do Ministério Público (MP) do Estado de Goiás,
chefiado por Benedito Torres Neto, irmão do senador Demóstenes Torres
(DEM-GO). Benedito tomou posse como procurador-geral de Justiça em 11 de
março de 2011, quando já estava em curso uma apuração da Polícia
Federal (PF) sobre a jogatina no Entorno. Sete dias depois da posse,
Benedito encaminhou as investigações para o Ministério Público Federal
(MPF), em razão do envolvimento de servidores públicos federais. O MPF
conduziu os trabalhos em parceria com a PF de Brasília, até deflagrar a
Operação Monte Carlo na semana passada, que resultou na prisão do
bicheiro Carlinhos Cachoeira.
As degravações das conversas
telefônicas feitas pela PF encontraram 298 ligações entre Cachoeira e
Demóstenes, de fevereiro a agosto de 2011. Nesse intervalo, em março,
Benedito tomou posse como procurador-geral de Justiça. Quebras de sigilo
telefônico ocorrem depois: os investigadores passam a ter acesso
somente aos diálogos que ocorrem posteriormente à autorização dada pela
Justiça. Ao Correio, Benedito não quis se posicionar sobre as conversas
mantidas entre seu irmão e Cachoeira. "Encaminhei ofício à Justiça
Federal para ter compartilhamento das provas. Não me manifesto sobre meu
irmão antes desse procedimento. Por enquanto, só tenho informações pela
imprensa."
Benedito foi nomeado pelo
governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), também citado nas conversas
telefônicas de investigados presos na Monte Carlo. Marconi e Demóstenes
já se aliaram em disputas eleitorais. O procurador-geral de Justiça se
antecipou ontem aos questionamentos sobre a operação da PF e sobre a
amizade de Demóstenes com Cachoeira: ele divulgou trechos de ofícios que
mostram que o MP de Goiás foi o responsável pelo início das
investigações.
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