sexta-feira, 9 de março de 2012

Irmão do senador Demóstenes Torres do MP de Goiás, também é amigo do bicheiro Cachoieira

As primeiras interceptações telefônicas da investigação que resultou na Operação Monte Carlo tiveram parecer favorável do Ministério Público (MP) do Estado de Goiás, chefiado por Benedito Torres Neto, irmão do senador Demóstenes Torres (DEM-GO). Benedito tomou posse como procurador-geral de Justiça em 11 de março de 2011, quando já estava em curso uma apuração da Polícia Federal (PF) sobre a jogatina no Entorno. Sete dias depois da posse, Benedito encaminhou as investigações para o Ministério Público Federal (MPF), em razão do envolvimento de servidores públicos federais. O MPF conduziu os trabalhos em parceria com a PF de Brasília, até deflagrar a Operação Monte Carlo na semana passada, que resultou na prisão do bicheiro Carlinhos Cachoeira.

As degravações das conversas telefônicas feitas pela PF encontraram 298 ligações entre Cachoeira e Demóstenes, de fevereiro a agosto de 2011. Nesse intervalo, em março, Benedito tomou posse como procurador-geral de Justiça. Quebras de sigilo telefônico ocorrem depois: os investigadores passam a ter acesso somente aos diálogos que ocorrem posteriormente à autorização dada pela Justiça. Ao Correio, Benedito não quis se posicionar sobre as conversas mantidas entre seu irmão e Cachoeira. "Encaminhei ofício à Justiça Federal para ter compartilhamento das provas. Não me manifesto sobre meu irmão antes desse procedimento. Por enquanto, só tenho informações pela imprensa."

Benedito foi nomeado pelo governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), também citado nas conversas telefônicas de investigados presos na Monte Carlo. Marconi e Demóstenes já se aliaram em disputas eleitorais. O procurador-geral de Justiça se antecipou ontem aos questionamentos sobre a operação da PF e sobre a amizade de Demóstenes com Cachoeira: ele divulgou trechos de ofícios que mostram que o MP de Goiás foi o responsável pelo início das investigações.

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