Paulo Costa Lima, Terra Magazine
“Não é hora de dividir. O mundo se reparte
em crises, mas nós temos conseguido crescer.
Qualquer um que tenha vivido a década de
80, de paradeiro total e inflação de até 80% num mês, fica pasmo diante dessa
situação de agora, de nossa imunidade.
Pois bem, saímos da década de 80, e da
ditadura que até ela se estendeu - construímos um caminho político com
democracia e eleição dos líderes.
Temos uma presidente que conta com
aprovação de maioria esmagadora da sociedade - e no entanto temos que conviver
diariamente com um clima de instabilidade política.
Ninguém agüenta mais essa idéia retrógrada
de base aliada cobrando cargos e ministérios de porteira fechada, sem a
vigilância da presidência, como teve o desplante de falar um nobre deputado há
poucos dias.
É um tapa na cara de todos os cidadãos que
prezam a transparência e honestidade, e que apóiam todas as iniciativas da
presidente Dilma nessa direção.
Nós, sociedade civil, organizada ou
desorganizada, temos de reagir, temos de mostrar aos nossos representantes que,
ou eles defendem os princípios de moralidade, ou defendem o Brasil acima dos
interesses setoriais, ou estarão fora do jogo.
Precisamos mandar um recado muito claro
para a classe política, e para a mídia em geral. Estamos aqui
quietos em nossos cotidianos brasileiros, mas sabemos nos irritar, sabemos
muito bem quem tem boas intenções e quem deseja apenas levar vantagem. E
podemos transformar isso em votos.
O Brasil não fez o esforço que fez,
organizou a economia nos anos 90, ultrapassou barreiras impensáveis, trouxe 40
milhões de pessoas para um nível de participação mais decente (ou menos
indecente)... para perder o bonde da história e se desestruturar em
politicagens insanas.
O recado vale para toda a base aliada. Especialmente
os que aceitarem a carapuça e a fama de fisiológicos e oportunistas. Vocês
fizeram um pacto de governança, aderiram a princípios que devem nortear o bem
do coletivo. Portanto, parem de provocar a nossa inteligência...
Mas o recado vale também para o próprio
partido líder, que apesar de nesse tempo de agora poder liderar a narrativa da
emancipação e da superação - apesar dessa sorte e dessa nobreza, às vezes se
divide internamente, e vez por outra esquece que foram muitas mãos que
construíram o caminho até aqui...
E você, caro leitor, saiba que não sou
filiado a qualquer partido político. Acho a participação em partidos saudável,
e creio que a população devia entrar maciçamente em todos os partidos, para
vigiá-los, para guiar as decisões...
Os partidos produzem discursos de análise e
de alternativas - expõem trajetórias e símbolos daquilo que podemos abraçar ou
deixar de lado.
Neste momento nós elegemos uma presidente,
e ela tem se esforçado para desempenhar o seu papel de forma exemplar. Precisamos
reagir à altura, e defendê-la... Esse é um ativo que ela conquistou.
Fiquemos atentos portanto - e chega de
votar em quem não sabe manter seus compromissos de fidelidade ao bem coletivo,
e trata a política como máquina de levar vantagem.”
Imagem: Dilma em sessão no Senado (foto:
Roberto Stuckert Filho/PR/Divulgação)
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