A arte da polêmica cretina
Marcelo Coelho, Cultura e Crítica
Não vou citar nomes. Mas imagine que um grande jornal passa a publicar semanalmente os artigos de determinado professor. Em pouco tempo, o professor Z se descobre um agudo polemista. E acha que está na hora de “dizer certas verdades”.
Por exemplo, que as mulheres são mau caráter, que os negros são excessivamente bem tratados, que chega de ser legal com os gays, que a Inquisição Espanhola não foi tão má assim.
Mulheres, negros, gays e hereges protestam. Há quem ameace cancelar a assinatura do jornal. Outros leitores aplaudem. O debate pega fogo.
O leitor mais ou menos neutro e equilibrado pensa assim: “bom, não concordo com o cara, mas que ele é polêmico é”. No jornal, todos concordam: os artigos de Z. suscitam discussão.
É verdade.
Mas a questão é: que tipo de discussão o jornal está querendo suscitar?
Poderia haver um articulista negando semanalmente a existência do Holocausto.
Choveriam cartas dizendo que o articulista é anti-semita e mentiroso. Outras cartas viriam, dizendo que Y teve a coragem de escrever o que muita gente pensava, mas não se sentia à vontade para dizer.
Puxa, ele suscita muita discussão.
Mas o jornal que estivesse interessado em suscitar discussão sobre a existência do Holocausto está perdendo uma oportunidade de suscitar discussões bem melhores.
É claro que uma opinião grosseira, provocativa, preconceituosa e leviana suscita mais “polêmica”. A polêmica estará, entretanto, no nível Z.
Marcelo Coelho, Cultura e Crítica
Não vou citar nomes. Mas imagine que um grande jornal passa a publicar semanalmente os artigos de determinado professor. Em pouco tempo, o professor Z se descobre um agudo polemista. E acha que está na hora de “dizer certas verdades”.
Por exemplo, que as mulheres são mau caráter, que os negros são excessivamente bem tratados, que chega de ser legal com os gays, que a Inquisição Espanhola não foi tão má assim.
Mulheres, negros, gays e hereges protestam. Há quem ameace cancelar a assinatura do jornal. Outros leitores aplaudem. O debate pega fogo.
O leitor mais ou menos neutro e equilibrado pensa assim: “bom, não concordo com o cara, mas que ele é polêmico é”. No jornal, todos concordam: os artigos de Z. suscitam discussão.
É verdade.
Mas a questão é: que tipo de discussão o jornal está querendo suscitar?
Poderia haver um articulista negando semanalmente a existência do Holocausto.
Choveriam cartas dizendo que o articulista é anti-semita e mentiroso. Outras cartas viriam, dizendo que Y teve a coragem de escrever o que muita gente pensava, mas não se sentia à vontade para dizer.
Puxa, ele suscita muita discussão.
Mas o jornal que estivesse interessado em suscitar discussão sobre a existência do Holocausto está perdendo uma oportunidade de suscitar discussões bem melhores.
É claro que uma opinião grosseira, provocativa, preconceituosa e leviana suscita mais “polêmica”. A polêmica estará, entretanto, no nível Z.
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