sexta-feira, 9 de março de 2012

PROFESSOR(A), SUGESTÃO DE LEITURA: "PARA ENTENDER A EDUCAÇÃO BRASILEIRA, ANTES E DEPOIS DA REDEMOCRATIZAÇÃO" - BÁRBARA FREITAG


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Bárbara Freitag, em sua tese de doutoramento em Política Educacional Brasileira de 1972, que resultou no seu excelente trabalho “Escola, Estado e Sociedade” -, nos propõe uma visão de superação da educação positivista, denunciando Durkheim e Parsons como defensores de uma sociedade que preserva as diferenças de classes em sua concepção.  Ela instiga, a partir daí, uma compreensão das políticas educacionais baseada nos princípios do “conflito” como forma de superação das diferenças sociais.  Assim, a Dra. Bárbara não entende como princípio essencial para a educação, uma base moral estática que mantenha os valores sociais na permanência, na reprodução de suas normas, mas defende que a escola tem um papel transformador e superador do status quo que determina a distância entre dominadores e dominados.
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De origem alemã, formada em meio aos remanescentes da Escola de Frankfurt, radicada no Brasil, seu argumento vai de encontro a um trabalho social de emancipação através de um contra-tradicionalismo, mas sem os dogmas e sem o radicalismo do marxismo ortodoxo.
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Em sua obra de referência, cita e compara Durkheim, Parsons (funcionalistas), Dewey (democrata, progressista), Gramsci (marxista), Passeron, Bourdieu (estruturalistas), Althusser, Poulantzas, Establet (marxistas estruturalistas), escolas reacionárias da economia da educação e seus críticos, entre outros.
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Considerando as diferentes posturas e ideias destes autores, a obra de Freitag torna-se uma referência fundamental ao entendimento de nossos processos histórico-pedagógicos, pois traz, a partir de novas interpretações e comparações, uma visão muito clara sobre as forças que delinearam as políticas da educação nacional até a efetivação deste seu trabalho (1980).
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A obra de Freitag nos serve bem para entender as políticas reacionárias de educação até o fim do período militar e nos permite, a partir daí, entender as novas propostas para o setor educacional estabelecidas na Constituição de 1988 e as políticas implementadas nos governos democráticos mais recentes. 
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Vale lembrar que as propostas que orientam os rumos atuais para com a educação brasileira, nasceu e foi fomentada já há quase um século, com o "Manifesto dos Pioneiros", de 1932.  Ali tudo começou, e apesar de tanto tempo, somente agora está sendo possível efetivar as políticas de educação nos moldes democráticos que sofreram tantos percalços.
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FREITAG, Bárbara.  Escola, Estado & Sociedade.  São Paulo: Moraes, 1980.
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Boa leitura!

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