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Bárbara
Freitag, em sua tese de doutoramento em Política Educacional Brasileira
de 1972, que resultou no seu excelente trabalho “Escola, Estado e
Sociedade” -, nos propõe uma visão de superação da educação positivista,
denunciando Durkheim e Parsons como defensores de uma sociedade que
preserva as diferenças de classes em sua concepção. Ela
instiga, a partir daí, uma compreensão das políticas educacionais
baseada nos princípios do “conflito” como forma de superação das
diferenças sociais. Assim, a
Dra. Bárbara não entende como princípio essencial para a educação, uma
base moral estática que mantenha os valores sociais na permanência, na
reprodução de suas normas, mas defende que a escola tem um papel
transformador e superador do status quo que determina a distância entre dominadores e dominados.
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De
origem alemã, formada em meio aos remanescentes da Escola de Frankfurt,
radicada no Brasil, seu argumento vai de encontro a um trabalho social
de emancipação através de um contra-tradicionalismo, mas sem os dogmas e
sem o radicalismo do marxismo ortodoxo.
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Em
sua obra de referência, cita e compara Durkheim, Parsons
(funcionalistas), Dewey (democrata, progressista), Gramsci (marxista),
Passeron, Bourdieu (estruturalistas), Althusser, Poulantzas, Establet
(marxistas estruturalistas), escolas reacionárias da economia da
educação e seus críticos, entre outros.
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Considerando
as diferentes posturas e ideias destes autores, a obra de Freitag
torna-se uma referência fundamental ao entendimento de nossos processos
histórico-pedagógicos, pois traz, a partir de novas interpretações e
comparações, uma visão muito clara sobre as forças que delinearam as
políticas da educação nacional até a efetivação deste seu trabalho
(1980).
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A
obra de Freitag nos serve bem para entender as políticas reacionárias
de educação até o fim do período militar e nos permite, a partir daí,
entender as novas propostas para o setor educacional estabelecidas na
Constituição de 1988 e as políticas implementadas nos governos
democráticos mais recentes.
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Vale
lembrar que as propostas que orientam os rumos atuais para com a
educação brasileira, nasceu e foi fomentada já há quase um século, com o
"Manifesto dos Pioneiros", de 1932. Ali tudo começou, e apesar de
tanto tempo, somente agora está sendo possível efetivar as políticas de
educação nos moldes democráticos que sofreram tantos percalços.
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FREITAG, Bárbara. Escola, Estado & Sociedade. São Paulo: Moraes, 1980.
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Boa leitura!
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