Desembargador Tourinho Neto, que concedeu habeas corpus ao contraventor, mandou soltar Gleyb Ferreira da Cruz, apontado como auxiliar do esquema de jogos ilegais; segundo o desembargador, mesmo ilegais, os jogos de azar são “largamente aceitos” pela sociedade
O desembargador Fernando Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1), mandou soltar nest quarta-feira (20) Gleyb Ferreira da Cruz, suposto braço direito do esquema criminoso liderado por Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Gleyb está preso desde 29 de fevereiro como resultado da Operação Monte Carlo, que apurou esquema de corrupção e exploração ilegal de jogos no Centro-Oeste.
Gleyb é apontado nas investigações como laranja de empreendimentos de Cachoeira. Ele também aparece em interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal como o elo entre o empresário e o delegado da Polícia Federal Deuselino Valadares, acusado de ser sócio de Cachoeira em uma empresa de segurança.
Na decisão em que manda soltar Gleyb, o desembargador relativizou a suposta atividade ilegal do grupo. Segundo Tourinho, mesmo ilegais, os jogos de azar são “largamente aceitos” pela sociedade. Tourinho disse que o estado de Goiás editou duas leis que autorizavam a exploração de jogos de azar e que só em 2007 o STF derrubou a prática. “Veja-se que muitos setores da sociedade defendem a legalização dos jogos de azar, visto que a prática é largamente aceita pela sociedade em geral, ainda que seja ilegal”, ressalta em trecho da decisão.
Tourinho também entende não existe crime de formação de quadrilha para pessoas que exploram jogos de azar, lembrando que o principal crime imputado a Gleyb é justamente o da contravenção. Segundo apurações da Polícia Federal, o auxilar de Cachoeira era “laranja” em empreendimentos do empresário e era considerado seu braço direito.
Apesar de ter conseguido habeas corpus no TRF, Gleyb da Cruz não poderá ser solto porque é alvo de outro mandado de prisão, segundo confirmou o Ministério Público do Distrito Federal. Ele é acusado de participar de esquema de fraude na área de transporte público no Distrito Federal. É a mesma situação vivida por Cachoeira, que continua preso em Brasília após ter conseguido alvará de soltura da Justiça Federal.
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