Graças a um habeas corpus concedido pelo ministro Marco Aurélio
Mello, do Supremo Tribunal Federal, o assassino da missionária
americana Dorothy Mae Stang deverá estar, ainda hoje, solto nas ruas.
Decisão sobre mandante da morte de missionária mostra que o STF se especializou em libertar facínoras com base em chicanas jurídicas. Foto: Agência Brasil |
Regivaldo Pereira Galvão, conhecido pela meiga alcunha de “Taradão”,
estava preso desde 6 de setembro de 2011 no Centro de Recuperação de
Altamira (PA), condenado a 30 anos de prisão.
Segundo o ministro Marco Aurélio, o Tribunal do Júri do Pará concluiu
pela culpa de “Taradão” antes de se esgotarem as possibilidades de
recursos da defesa contra a condenação.
Isso é uma terrível piada de mau gosto. É uma afronta direta à Justiça e à dignidade do cidadão.
O STF está se especializando em libertar facínoras com base em chicanas
jurídicas. É o efeito Gilmar Mendes, ministro que ganhou fama pelos
dois HCs ultrassônicos para o banqueiro Daniel Dantas e um extra para
outro taradão, o médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de
cadeia por ter estuprado 37 mulheres. Dantas está solto. Abdelmassih,
foragido.
Marco Aurélio já havia sido reconhecido por feito semelhante, ao
libertar o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, que ficou sete anos
foragido, até ser preso em Mônaco, em 2007.
Dorothy Stang foi assassinada com seis tiros, um na cabeça e cinco ao
redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005.
A libertação do mandante do assassino, sob qualquer desculpa,
envergonha a nação e nos deixa ainda mais descrente sobre a lisura dos
ministros do STF, estes mesmos que por ora se exibem, em cadeia
nacional, na pantomima que se transformou esse tal julgamento do
“mensalão”.
Leandro Fortes
No CartaCapital
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