Poder responsável por fiscalizar as
ações do Executivo estadual, a Assembleia Legislativa de Goiás tenta
blindar o governador Marconi Perillo (PSDB) da Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) que apura as relações da quadrilha do bicheiro
Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários. O parlamento goiano
pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que impeça a CPI de reconvocar,
pedir o indiciamento e, até mesmo, investigar Perillo. As informações
são do Correio Braziliense
Autor do requerimento para levar
o governador novamente à CPI, o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP)
classificou como absurdo o movimento do Legislativo goiano, que também
instaurou uma CPI para investigar a influência de Cachoeira no governo
local. "A Assembleia está trabalhando como advogada de defesa do
governador, a quem ela deveria fiscalizar", resumiu Randolfe.
Ontem, os dois convocados para
prestar depoimento na CPI da Câmara, o ex-tesoureiro da campanha de
Perillo Jayme Rincón e o ex-corregedor da Polícia Civil goiana Aredes
Pires, amparados por habeas corpus concedidos pelo Supremo Tribunal
Federal (STF), ficaram calados. Na semana que vem está previsto o
depoimento do dono da Construtora Delta, Fernando Cavendish, que também
conseguiu no STF o direito de não responder às perguntas dos
parlamentares. Mas alguns membros da CPI não pretendem dispensá-lo, como
costuma ocorrer nos casos em que os depoentes contam com a proteção
judicial para se calar. No caso de Cavendish, a estratégia é fazer as
perguntas, mesmo que o empresário se recuse a responder.
Assembleia pede ao STF para proibir investigação sobre Perillo
Perillo é suspeito de ter vendido uma casa ao contraventor por R$ 1,4 milhão, o que teria possibilitado à quadrilha "abrir portas" no governo |
A Assembleia Legislativa de Goiás
pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quarta-feira, que a
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira não investigue mais
o governador Marconi Perillo (PSDB-GO). O mandado de segurança com o
pedido foi assinado pelo presidente da Assembleia, deputado Jardel
Sebba, colega de partido do governador.
Perillo é suspeito de ter
vendido uma casa ao contraventor Carlinhos Cachoeira por R$ 1,4 milhão, o
que teria possibilitado à quadrilha "abrir portas" no governo. O
documento entregue hoje ao STF também pede que Perillo não seja
convocado, nem obrigado, a comparecer à CPI. Conforme o mandado de
segurança, o fato de o governador já ter comparecido para prestar
esclarecimento e dirimir as dúvidas existentes demonstra sua intenção de
não deixar suspeitas a seu respeito.
"Falece competência a qualquer
Comissão Parlamentar de Inquérito para convocar governador de Estado
para depor ou prestar esclarecimentos, de que natureza forem, ou mesmo
investigá-lo ou indiciá-lo, sob pena de dupla e grave ofensa à
Constituição, que assegura a esse agente político a prerrogativa de
somente ser processado e julgado pelo Superior Tribunal de Justiça
(STJ)", diz o documento.
No dia 13 de agosto, o STJ abriu
inquérito para investigar as relações entre o governador de Goiás e
Cachoeira, atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República. O
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, solicitou a abertura do
inquérito em junho, com base em gravações telefônicas feitas na Operação
Monte Carlo, da Polícia Federal.
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