Do Esquerdopata - 17/08/2012
Emprego volta a crescer acima de 2011
Por Carlos Giffoni, Thiago Resende e Murilo Rodrigues Alves
De São Paulo e Brasília
Valor Econômico
Emprego volta a crescer acima de 2011
Por Carlos Giffoni, Thiago Resende e Murilo Rodrigues Alves
De São Paulo e Brasília
Valor Econômico
Três indicadores divulgados ontem deram os primeiros sinais de
recuperação da atividade econômica, ainda que em ritmo moderado. As
vendas do comércio varejista de junho cresceram 6,1% em relação a maio,
feito o ajuste sazonal. Elas foram puxadas pelo salto de 16,4% das
vendas de veículos e autopeças, um reflexo da redução do Imposto sobre
Produtos Industrializados (IPI) para automóveis.
Já o saldo entre contratados e demitidos com carteira assinada em julho
ficou em 142,5 mil, 1,4% acima de julho de 2011, depois de dois meses
em que a geração de empregos tinha sido quase 45% inferior à do mesmo
mês do ano passado. Até a combalida indústria de transformação mostrou
resultado favorável. E o índice de confiança do empresariado industrial
subiu 2,2% em agosto, para 54,5 pontos.
O mercado de trabalho em julho reverteu o movimento de retração no
ritmo de criação de vagas que marcou o primeiro semestre deste ano. No
acumulado de janeiro a junho, a criação de vagas foi 25,9% menor que no
primeiro semestre de 2011. No entanto, em julho, foram criados 1,37%
mais empregos que no mesmo mês do ano passado. A indústria de
transformação foi um dos maiores responsáveis por esse resultado. No
primeiro semestre, o setor gerou cerca de 49% vagas a menos que em igual
período de 2011. Em julho, o resultado se inverteu, com a geração de
vagas crescendo 4,7% frente a julho do ano passado.
A economia brasileira criou 142.496 vagas formais em julho. No mesmo
mês do ano passado, foram gerados 140.563 postos de trabalho. Pela
primeira vez no ano, todos os Estados brasileiros contrataram mais do
que demitiram no mês. São Paulo liderou o ranking dos Estados, com a
criação líquida de 47.837 vagas. O resultado de julho veio acima da
média das projeções apurada pelo Valor Data, de 102 mil novas vagas. No
acumulado do ano foram gerados 1.232.843 postos de trabalho com
carteira assinada. O salário médio de admissão caiu 0,71% em julho
deste ano, na comparação com junho. O indicador registrou a média de R$
1.011,54, frente aos R$ 1.018,77 registrados em junho.
Na avaliação do economista-chefe da corretora Convenção Tullet Prebon,
Fernando Montero, o resultado do emprego se soma a outros bons
indicadores econômicos, o que pode indicar uma recuperação da atividade.
Ele cita as vendas em junho no varejo restrito e ampliado, que
apresentaram crescimento de 1,5% e 6,1% na comparação dessazonalizada
ante maio, respectivamente, e sua previsão positiva de emplacamento de
veículos em agosto. "O emprego formal fica congelado em um cenário
econômico ruim, porque é caro contratar e demitir no Brasil. Esses
números podem indicar uma retomada no ânimo", diz.
Caio Machado, economista da LCA Consultores, destaca o desempenho do
setor de material de transportes dentro da indústria de transformação,
onde houve um aumento no número de admissões na passagem de junho para
julho (de 13.038 para 15.020) e uma redução no número de demissões (de
14.102 para 13.355). Com isso, o saldo do setor, que tinha sido negativo
em 1.064 vagas em julho, tornou-se positivo em 1.665 vagas em julho.
"Esse avanço, que também foi visto em outros setores industriais, pode
ser reflexo das medidas de incentivo do governo. E isso pode ser um
indicativo da produção industrial em julho", avalia.
Os setores de calçados e têxtil, contemplados pela desoneração da folha
de pagamento contrataram, respectivamente, 16% e 604% mais em julho
deste ano do que em igual período de 2011. No caso de setor têxtil,
foram 334 vagas novas abertas naquele mês de 2011 para um saldo positivo
de 2.354 em igual período deste ano.
O resultado do emprego formal na construção civil em julho surpreendeu
positivamente, diz Machado, da LCA. No Caged, a construção civil
apresentou contratação líquida de 25.433 empregados no mês. A previsão
da LCA estava em 9,8 mil vagas a mais no setor.
Contudo, a economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thais
Marzola Zara, vê essa forte criação de vagas em julho como um movimento
pontual. "Ainda é cedo para dizer que o resultado muda a tendência de
enfraquecimento do mercado de trabalho. Pode ser que alguns setores
tenham adiado as demissões, mas esse não é um movimento com fôlego
devido à atividade fraca", avalia. Thais lembra que os benefícios
tributários cedidos a alguns setores da indústria têm validade. "Não
acredito que os empresários estejam contratando mais por conta dessas
medidas."
Para agosto, Rodolfo Torelly, diretor do departamento de Emprego e
Salário do MTE, acredita num aumento ainda maior na geração de empregos.
"Nossa expectativa é boa. No mês, há aumento de contratações no
comércio, a indústria de transformação começa a se preparar para o Natal
e, no setor de ensino, há novas contratações de professores para o
início do segundo semestre letivo", explica.
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