‘Marcio Thomaz Bastos fala diante dos
juízes e pede cuidado: “é um julgamento de bala de prata, de uma vez só”; seu
cliente, José Roberto Salgado, é vice do Rural; mensalão, segundo ele, foi
invenção; "empréstimos do PT foram pagos e os das empresas DNA e SMPB
também seriam se empresas não fossem destruídas"; Roberto Gurgel, diz ele,
agiu terroristicamente ao acusar golpe de R$ 1 bilhão
Brasil 247
Ex-ministro da Justiça do governo Lula,
Marcio Thomaz Bastos começou a falar no julgamento da Ação Penal 470. Ele
defende José Roberto Salgado, ex-diretor do Banco Rural. Mais do que defender
um réu apenas, ele orientou as defesas de vários criminalistas, que atendem os
demais acusados.
Pediu aos juízes que tenham duplo cuidado,
por se tratar de um julgamento sem direito a recurso, em que serão julgadas as
trajetórias e o histórico de vida de vários indivíduos. “É um julgamento de
bala de prata”, disse ele. “E vamos demonstrar a absoluta inocência de José
Roberto Salgado”.
Thomaz Bastos afirmou que condenar Salgado
só será possível se for revogada a lei da gravidade. “As condutas atribuídas a
ele são anteriores à chegada dele ao cargo”. Ele lembrou ainda que Salgado foi
denunciado em função do depoimento de uma única testemunha, chamada Carlos
Godinho, ex-funcionário do banco. "Intrigas, fofocas", disse o
advogado.
O ex-ministro da Justiça lembrou ainda que,
em nenhum momento, na sexta-feira passada, o procurador-geral Roberto Gurgel
citou o nome de Salgado. "Os empréstimos foram dados em 2003 e só em abril
de 2004 ele assumiu a vice-presidência do banco", disse ele. "Condená-lo
seria revogar o conceito de tempo".
Depois de falar sobre seu cliente, Thomaz
Bastos começou a tangenciar a história do mensalão. Ele falou que as empresas
DNA, SMPB e Graffiti, de Marcos Valério, eram extremamente conceituadas em Belo Horizonte. “Dizer
que empréstimos não seriam pagos é uma construção mental”, disse ele. “Desde
1998, todos os empréstimos dessas empresas foram religiosamente pagos em dia;
esses últimos só não foram quitados porque houve o escândalo que destruiu as
empresas”.
Assim como José Carlos Dias, que defende
Kátia Rabello, presidente do banco, ele atribuiu a decisão dos empréstimos ao
ex-presidente da instituição, José Augusto Dumont, já falecido.
Em seguida, partiu para o ataque. Atacou o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que insinuou um golpe de R$ 1 bilhão,
valor que o Rural ganharia se a liquidação do Mercantil de Pernambuco, onde o
Rural tem 20%, fosse levantada. "Empréstimo ao PT foi em 2003 e fim da
liquidação aconteceu agora em março de 2012", disse ele. Bastos disse que
Gurgel agiu "com todo o respeito" terroristicamente. "Dar R$ 20
milhões em empréstimos e receber R$ 1 bilhão seria um grande negócio; mas só na
loteria esportiva". Segundo ele, nove anos depois dos empréstimos, o Rural
recebeu R$ 96 milhões com o fim da liquidação do Mercantil de Pernambuco.”
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