Por Altamiro Borges
A grave denúncia foi publicada pela Folha, mas não mereceu destaque
na capa ou qualquer repercussão no restante da mídia serrista. Nos dias
seguintes, a coação com uso da máquina pública simplesmente caiu no
esquecimento. O jornal apenas noticiou que a diretora foi afastada do cargo e
abriu espaço para o PSDB apresentar sua desculpa esfarrapada. Será que a mídia tucana
teria a mesma atitude complacente se “circular oficial” fosse usada pelo
governo federal para convocar uma reunião com o petista Fernando Haddad?
Na semana passada, Lúcia Espagolla, diretora regional da
Secretaria Estadual de Educação, utilizou uma circular oficial e o site do órgão
para convocar servidores de escolas públicas de São Paulo a participar de uma
reunião em apoio à campanha de José Serra. Alguns diretores denunciaram que,
após disparar os convites, a tucaninha ainda ligou ameaçando os que não
comparecessem com a perda do cargo. O encontro ocorreu num centro cultural na
zona norte e teve a presença de Alexandre Schneider, o vice de Serra.
Uma prática rotineira dos tucanos
Nas campanhas eleitorais em São Paulo, o uso da máquina
pública já virou rotina. Há quase duas décadas no comando do estado, os tucanos
são especialistas na matéria e usam vários estratagemas. Para vitaminar a sua
campanha à prefeitura da capital, Serra tem usado a própria agenda
de inaugurações do governo estadual. Na semana passada, ele visitou uma unidade
de reabilitação de deficientes físicos e ganhou os holofotes do telejornal “SP-TV”,
da TV Globo. Ele foi filmado ao lado de pacientes e posou para fotos.
No início de agosto, outra notinha na Folha, desta vez no Painel,
informou que o governador Geraldo Alckmin “escalou os secretários de seu núcleo
político para um mutirão em cem cidades paulistas. Julio Semeghini
(Planejamento), Edson Aparecido (Desenvolvimento Metropolitano), Sílvio Torres
(Habitação), Bruno Covas (Meio Ambiente), José Aníbal (Energia) e Sidney
Beraldo (Casa Civil) turbinarão campanhas de aliados nas regiões do Estado onde
mantêm eleitorado cativo”. A notinha só não explica como eles irão operar!
Diante do crescente uso da máquina pública, os candidatos de
outros partidos prometem fazer barulho. Antonio Donato, coordenador da campanha
de Fernando Haddad, afirmou que o PT acionará a Justiça. "Usar a
máquina na eleição é indecente e criminoso", critica Gabriel Chalita
(PMDB). Já Celso Russomanno (PRB) exigiu uma postura firme do Ministério
Público e da Justiça Eleitoral. “É muito triste, uma forma antidemocrática de
fazer campanha”, afirmou. Para a mídia serrista, porém, o assunto não merece destaque!
Apoios preocupantes
Ao mesmo tempo, os jornalões tem dado cobertura aos apoios
obtidos pelo eterno candidato do PSDB – sem nenhuma leitura crítica. Nesta
semana, eles noticiaram a adesão da igreja evangélica Renascer em Cristo, liderada
pelo casal Estevam e Sônia Hernandes, que foi preso nos EUA em 2007. Dias
antes, o tucano já havia recebido as “bênçãos” do sinistro Valdemiro Santiago,
da Igreja Mundial do Poder de Deus, e um “conte comigo” do midiático Marcelo
Rossi. “Eu sou um admirador dele. Somos amigos”, afirmou o padre.
Este amplo leque de apoios religiosos indica que o tucano
deverá manter a linha da campanha presidencial em 2010, quando explorou
preconceituosamente temas como aborto e casamento homossexual. A mídia serrista,
porém, não tem reparos a fazer sobre isto!
Um comentário:
É incrível que servidores públicos, que deveriam ser republicanos, de ofício, votem em tucanos neoliberais, cuja determinação é destruir, arrasar o Serviço Público. Isso é o fim da picada! Só mesmo muita Ignorância Política.
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