“Na Ação Penal 470, o caso João Paulo
Cunha, por ora, está empatado: um voto pela condenação de Joaquim Barbosa, um
pela absolvição de Ricardo Lewandowski. No entanto, na corte suprema do jornal
O Globo, o ministro revisor já foi condenado; manchete fala em proteção a
“político do PT” sobre uma imagem de advogados sorrindo, quase debochando
Edição é tudo. E, na desta sexta-feira, o
jornal O Globo se esmerou em transmitir uma mensagem à sociedade: a de que o
ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, está contratado para
proteger os chamados mensaleiros no julgamento da Ação Penal 470. A manchete, estampada
sobre a imagem de advogados que sorriem como se debochassem da sociedade
honesta e trabalhadora, informa que Lewandowski agora absolve “político do PT”
– uma qualificação mais relevante do que o nome do próprio réu, João Paulo
Cunha.
Na sessão desta quinta-feira, como se sabe,
Lewandowski fez um contraponto ao relator Joaquim Barbosa e votou pela
absolvição de João Paulo Cunha nas acusações de corrupção passiva, peculato e
lavagem de dinheiro. O ministro revisor considerou normal a licitação que
contratou a agência de publicidade de Marcos Valério pela Câmara dos Deputados,
apresentou laudos comprovando a prestação dos serviços e também avalizou a
contratação de uma assessoria de comunicação pelo parlamento – em moldes semelhantes,
ele lembrou, aos do Supremo Tribunal Federal. O ministro fez ainda uma
ponderação relevante em relação aos chamados bônus de volume: prática criada
pela Rede Globo, essa comissão paga às agências distorce o mercado publicitário
brasileiro, mas é dinheiro privado, não público.
Lewandowski deu apenas um voto, entre 11
ministros. No caso de João Paulo, até agora, há um empate: um voto pela
condenação de Joaquim Barbosa, um pela absolvição de Joaquim Barbosa. Mas não
são apenas os réus que estão sendo julgados na Ação Penal 470. Há também o
julgamento dos ministros do STF pelos meios de comunicação.
No caso de Lewandowski, no que depender do
Globo, ele já foi condenado. Na edição, ele é quase um personagem contratado
para defender mensaleiros petistas. Na coluna de Merval Pereira, principal
articulista político do jornal, se voto é considerado “sem nexo”. De certa
forma, acaba sendo um recado para os ministros que ainda votarão.”
Foto: STF/Divulgação_Folhapress
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