O centro desse jogo não é a NSA, nem a CIA, nem Snowden, nem mesmo
criptografia, “backdoors”, metadados. Nem mesmo Chevron, Exxon, Shell…
Isso são peças do cenário, só parte do enredo do drama.
O drama chama-se geopolítica.
Tão velha quanto a civilização humana.
Aquela dominação que nos tentaram fazer esquecer quando decretaram o
“fim da história” e tornaram o mundo unipolar, com a falsa ideia de que
os conflitos, agora, eram apenas entre democracias e tiranias.
Como se a dominação econômica, motor dos impérios em todos os séculos,
tivesse, subitamente, se dissolvido no ar, éramos um só mundo, irmanado.
Pois quem se dissolveu, mesmo, foi essa fantasia, que viveu seu último
momento na eleição de Barack Obama, o homem que ia dar fim a todas as
guerras, prolongou-as e, agora, está prestes a fazer o seu “debut” como
valente general de mísseis teleguiados.
Embora visivelmente decadente, o ciclo de hegemonia econômica
norte-americana, incontrastável deste a II Guerra, não se desfará da
mesma maneira quase espontânea com que os fatos fizeram à ilusão de “um
único mundo”.
Não é mais possível, como nos tempos da Guerra Fria, imaginar que os
países deixem a vassalagem aos interesses econômicos americanos para se
abrigarem em outro bloco.
Não apenas não existe outro bloco como a história provou que isso não
conduziu, nos países que o fizeram, a situações artificiais, a divisões
internas e à estagnação e ao atraso econômico, embora não às desumanas
carências sociais em que os regimes americanófilos fizeram ou mantiveram
por toda parte do mundo, com o beneplácito dos EUA.
Nosso desafio é o desenvolvimento econômico e ele já se mostrou inseparável da justiça e do ascenso social no Brasil.
O destino nos colocou ao alcance das mãos, pelos longos braços das perfuratrizes da Petrobras, uma imensa riqueza em petróleo.
Ela é um tesouro que não pode permanecer enterrado, numa espera que
atiça e açula as ambições que quem nos quer pirateá-los e o vê por seus
óculos de alcance cibernéticos.
Não pode, porque o povo brasileiro precisa dele para arrancar-se do
atraso e não pode porque, jazendo ali, à espera que voltem os que querem
cavá-los a picaretas, para entregá-lo, como fizeram os vendilhões que
tentaram destruir a Petrobras.
É preciso que esta Nação compreenda – e isso só ocorrerá se falarmos por
mil vozes, e a cada minuto – que precisamos de alianças estratégicas
que se consumam no plano empresarial mas que são, no fundo, encontros
estratégicos com as nações que também lutam para por o pescoço de fora
da submersão colonial.
Um encontro como o que ocorreu entre os Brics, dos quais dois – China e
Índia – são fortemente dependentes do petróleo que o pré-sal fará
abundante aqui. Um deles, a China, tem sobras de capital que trocará,
de bom grado, por fornecimento futuro do óleo que teremos de exportar.
A espionagem americana sobre o pré-sal, ao contrário de nos paralisar,
deve acelerar nosso processo de busca pelas parcerias necessárias a
garantir a plena hegemonia da Petrobras na exploração do pré-sal,
muitíssimo além dos 30% que a lei já lhe assegura e, ainda mais, tornar
mais intensa e veloz a prospecção das áreas ainda não mapeadas, para que
saibamos onde temos de nos defender e seletivizar o controle de
jazidas.
A declaração de James R. Clapper, diretor da inteligência nacional do
governo Obama, no The New York Times, além da desfaçatez de dizer que
“não era segredo que o governo dos Estados Unidos coletasse informações
sobre questões financeiras”, é de achar que somos idiotas:
- O que nós não fazemos, como já disse muitas vezes, é usar as nossas
capacidades de inteligência para roubar segredos comerciais de empresas
estrangeiras para que empresas norte-americanas aumentem sua
competitividade.
Mr. Clapper, o que todo mundo sabe é que as empresas norte-americana são o meio e o fim de todo o expansionismo americano!
E nós, portanto, temos de ter ciência que, do nosso lado também, as
definições empresariais sobre a exploração do pré-sal é que vão definir
se ela servirá ou negará os legìtimos interesses nacionais brasileiros.
O jogo geopolítico que ficou claro só pode ser vencido com alianças táticas e estratégicas.
Deixar de fazê-las seria mais do que ingenuidade ou falta de confiança
em nossa própria altivez e amor ao Brasil. Seria por a risco de
perder-se o tesouro que é do povo brasileiro, mas que ele só terá quando
o tirarmos de lá e dos olhos cobiçosos que o espiam, à espera de quando
lhe possam por a mão.
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