"Faz sentido aceitar estoicamente o julgamento do Mensalão depois que
vieram à luz, após o veredito do final do ano passado, tantos
descalabros entre os juízes do Supremo Tribunal Federal?", questiona o
jornalista Paulo Nogueira, do Diário do Centro do Mundo; segundo ele,
que chama a corte suprema de "segunda ou terceira classe", com ministros
"fracos e [alguns parecem] teleguiados", "as evidências de absurdos no
julgamento têm que ser analisadas num fórum menos contaminado"; leia seu
artigo
8 DE SETEMBRO DE 2013
247 - José Dirceu tem que ser duramente criticado, avalia o jornalista Paulo Nogueira, num artigo publicado neste domingo 8 no Diário do Centro do Mundo.
Mas aí a ser "condenado a dez anos de prisão e chamado de chefe de
quadrilha" pelos ministros da corte suprema do Brasil, já é uma
"digressão".
"Faz sentido aceitar estoicamente o julgamento do Mensalão depois que
vieram à luz, após o veredito do final do ano passado, tantos
descalabros entre os juízes do Supremo Tribunal Federal?", questiona
Nogueira, que chama o STF de corte de "segunda ou terceira classe", com
ministros "fracos e [alguns parecem] teleguiados".
"As evidências de absurdos no julgamento têm que ser analisadas num
fórum menos contaminado", acredita o ex-diretor da Editora Abril. Ele
sugere, ainda, uma reflexão: "Você não precisa ser a favor de Dirceu.
Basta ver quem é contra. A Globo, por exemplo. Quando a Globo apoiou uma
boa causa no Brasil?".
Leia abaixo seu artigo:
Por que Dirceu deve recorrer à OEA
As evidências de absurdos no julgamento do Mensalão têm que ser analisadas num fórum menos contaminado que o STF
E eis que Dirceu fala, mais uma vez, em recorrer à Corte Internacional da Organização dos Estados Americanos.
Já tratei disso aqui. E, pelas circunstâncias, volto: Dirceu disse a semana passada que pretende recorrer à OEA.
Voltemos, então.
Vamos refletir sem paixões partidárias. Não sei se isso é possível num
país tão polarizado, mas para o Diário é: nosso partido é a
Escandinávia, e os leitores sabem disso.
Pois bem.
Faz sentido aceitar estoicamente o julgamento do Mensalão depois que
vieram à luz, depois do veredito do final do ano passado, tantos
descalabros entre os juízes do Supremo Tribunal Federal?
Mesmo leigos hoje são capazes de dissertar, com propriedade, sobre pataquadas ocorridas no julgamento.
Nossa mais alta corte – sejamos francos – é de segunda, ou terceira,
classe. Muitos de seus integrantes são, numa palavra, fracos, e alguns
parecem teleguiados.
Há sinais de que nenhum deles sabia o que é o chamado BV, Bônus por
Volume – uma propina legal inventada pela Globo para forçar as agências a
anunciar nela.
E o BV pode explicar coisas que sequer foram discutidas num julgamento
em que o STF, sob as câmaras interesseiras da televisão, mais pareceu o
BBB.
E então, com toda a precariedade do STF, e mais a pressão da mídia, você
é condenado a dez anos de prisão e chamado de chefe de quadrilha, como
aconteceu com Dirceu.
Faça as contas: ele já passou dos 60 faz algum tempo. Pode viver parte de seus últimos anos na cadeia.
E condenado por quem? Não por Cíceros, não por Catões – mas por Barbosas e Fuxes, e mais a máquina dos Marinhos.
Você não precisa ser a favor de Dirceu. Basta ver quem é contra. A
Globo, por exemplo. Quando a Globo apoiou uma boa causa no Brasil?
Roberto Marinho era dono de um jornal medíocre e pequeno quando
encontrou, na ditadura militar, um aliado. Ganhou televisão, ganhou
facilidades, e todos sabemos o que deu: mais que o apoio cego à
ditadura, a alma.
A Globo virou grande não pelo talento de Roberto Marinho, que aliás
jamais escreveu que se saiba uma legenda. Mas pelas absurdas vantagens
que desfrutou na ditadura em troca de apoio.
Isso está registrado no livro Dossiê Geisel, da editora FGV, um vital
retrato da ditadura feito a partir dos documentos pessoais de Geisel.
Leia.
Ali estão citados os encontros que Roberto Marinho fazia com empresários para promover entre eles a causa da ditadura.
Armando Falcão, ministro da Justiça de Geisel, se referia a Roberto
Marinho como "o mais fiel e constante aliado" da ditadura entre os donos
da mídia. E falava também dos pedidos de Roberto Marinho na
contrapartida de tamanha fidelidade e constância.
A Globo grande nasceu desse conluio. Meritocracia zero, ou abaixo de zero.
E então você se chama Dirceu e se vê na iminência de fazer as malas e
partir para o xilindró porque a Globo quer que isso aconteça.
Dirceu tem que ser duramente criticado, sim. Como uma das lideranças
mais importantes do PT, fez menos do que deveria para reformar o Brasil
nestes dez anos.
O Brasil avançou socialmente, mas menos do que poderia e deveria.
Um trabalho sério teria promovido mudanças, por exemplo, no Supremo.
Você não pode colocar um Barbosa – por ser negro – ou um Fux – por matar
no peito – e imaginar que vai transformar o STF num tribunal de sábios.
A conta pode chegar e chegou.
Mas isso é uma digressão.
De volta: você se chama Dirceu e foi condenado por eles.
A quem apelar?
Sim, à Corte Internacional da Organização dos Estados Americanos.
Seja o que for que a OEA delibere, lá a voz da mídia não perturbará
tanto, não influenciará tanto, não terá efeito tão nocivo ao que se
entende que seja justiça. A mesquinharia de Barbosa vai contar pouco.
Dirceu e os demais réus devem fazer a coisa certa.
Postado há 1 hour ago por Blog Justiceira de Esquerda
Do Blog Justiceira de Esquerda.
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