21 de março de 2014 | 09:29 Autor: Fernando Brito
De alguma coisa serviu a boataria alimentada, ontem, por uma suposta queda – que não ocorreu – do favoritismo absoluto de Dilma Rousseff para a eleição presidencial de outubro.
O “mercado’ mostrou, escancaradamente, suas garras e dentes sobre as estatais brasileiras.
Confessaram, com seus próprios bolsos, o que desejam.
Segundo o Valor,’o Banco do Brasil e a Eletrobras tiveram alta de mais de 10% em dois dias e a Petrobras, de 7,8%”.
Diz o jornal que “a possível derrota de Dilma é bem-vista pelo mercado, que a considera intervencionista”.
Traduzindo: esperam, sem ela, ganhar mais dinheiro.
Ganhar, claro, de alguém. Você tem uma leve ideia de quem este dinheiro seria ganho?
A “possível” derrota, segundo os números de todas as pesquisas, é hoje “impossível”.
Entre ouras coisas porque ela não permite que, antes de cumprirem seu papel estratégico para o Brasil e seu povo, as tetas das estatais amamentem com toda a fatura os investidores privados.
Que sabotam qualquer política de alto investimento e ganho moderado, para que, amanhã, possam ser maiores.
Vale, como se viu, muito dinheiro mudar a política.
É natural, portanto, que estejam dispostos a gastar muito dinheiro para mudar a política.
É por isso que, com a ajuda nem sempre inocente do jornalismo econômico terrorista, estes grupos tem se dedicado a depredar a confiança econômica do país.
Pressionam por tudo que nos empurre à recessão: juros, racionamento elétrico, inflação, corte nos investimentos públicos, intranquilidade política.
Por uma estranha “solidariedade”, recebem o apoio de empresários que, atuando no setor produtivo, acham que esta gente faz parte de seu campo, quando são os maiores destruidores daquilo que os sustenta: o consumo popular, o “mercado” sem paletó, gravata e ferraris, que lhes compra arroz, feijão, geladeira, roupa, eletrodomésticos…
O “efeito Dilma”, porém, é como o “efeito Lula”.
O povão percebe o preceito bíblico: “dize-me com quem andas e te direi quem és”.
Até Eduardo Campos, como se vê, vem colhendo o desprezo que se vota aos renegados, quando entra no clima do terrorismo: ”Do jeito que as coisas vão, vai piorar para o povo brasileiro, e a gente precisa evitar isso”.
Mesmo Pernambuco saberá reconhecer seu segundo Calabar.
O Governo brasileiro, com Lula e com Dilma, deu aos empresários – os financeiros e os produtivos – os maiores lucros de sua história.
Mas a ambição que se fabula na história da galinha dos ovos de ouro reflete o que pensam os grupos que hegemonizam a “voz” do empresariado brasileiro.
Ninguém quer nem vai atirá-los do barco. Mas não é deles, apenas, o controle do leme.
Muito menos para nos fazer dar meia volta e retornar ao pântano do qual custamos muito a sair.
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