Veja: Numa conversa entreouvida por um servidor…
A capa de Veja desta semana repete a fórmula que a levou a ser
processada por Luis Gushiken e cujo resultado foi proferido na última
semana, uma condenação de 100 mil reais à família do ex-deputado, que
não poderá tirar proveito da vitória por ter falecido em setembro do ano
passado.
Repete a fórmula que levou o desembargador Antonio Vilenilson, em voto
seguido pelos demais desembargadores da Nona Câmara de Direito Privado
do TJ-SP, a afirmar:
“A Veja dá a entender que não eram fantasiosas as contas no exterior.
E não oferece um único indício digno de confiança. Infere, da
identidade dos acusadores e dos interesses em jogo, a verdade do
conteúdo do documento. A falácia é de doer na retina.”
Veja repete a fórmula de assassinato de reputações e procede da mesma
forma que quadrilheiros ao esquartejarem e queimarem vivos aqueles que
estão do outro lado dos seus interesses.
Não importa o quanto aquilo possa afetar a família do alvo. Não importa o
quanto de sofrimento aquilo cause ao atingido pela crueldade. Não
importa nada.
Gushiken foi condenado por Veja e seus parceiros da mídia tradicional
num processo onde foi absolvido pelo “magnânimo” relator Joaquim Barbosa
por falta de provas. Mas os algozes não lhe reservaram nenhuma
retratação.
Nesta semana Veja utiliza a mesma técnica do “numa conversa entreouvida”
para acusar Genoíno de não se medicar com o objetivo de ter crises e se
livrar do semi-aberto. E Zé Dirceu, pasmem, de comer peixadas e lanches
do Mc Donalds.
Nenhuma prova, apenas conversas entreouvidas e supostos depoimentos de
supostas fontes que não se identificam e não oferecem nada que possa
comprovar o que dizem.
A revista acha que mata aos poucos seus alvos com este tipo de
reportagem. E talvez tenha razão. Mas neste caso tem um objetivo bem
claro, fazer com que Genoíno e Zé Dirceu fiquem mais tempo na cadeia, se
possível numa de segurança máxima, e que ao saírem estejam totalmente
derrotados tanto do ponto de vista físico quanto moral.
Veja deixou a muito tempo o jornalismo de lado. Mas a cada capa como a
desta semana, não coloca em risco apenas a sua reputação. Ela incentiva
uma geração de novos profissionais a se comportarem como bandidos
midiáticos. Incentiva a acusação sem provas e autoriza o vale tudo em
nome de objetivos empresariais ou pessoais.
Hoje, o tipo de jornalismo de Veja é uma das maiores ameaças ao
jornalismo. É tão danoso quanto a censura. Porque ele traz no seu cerne a
marca do ódio, da mentira e da crueldade. Quando o jornalismo que se
preza deveria ao menos tentar respeitar a verdade factual e ser
minimamente sério.
Nenhum comentário:
Postar um comentário