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César Benjamin atravessou o Rubicão
Por todos os lados em que se analisa a acusação de César Benjamin, de que Lula teria assediado sexualmente um companheiro de cela, temos um caso de mau caratismo sem limite. A história, obviamente, caiu no colo da blogosfera de extrema-direita, que agora vai tentar faturar o máximo. Reinaldo Azevedo, o blogueiro da Veja, está soltando fogos. Obrigado, Cesinha, pela ajuda que prestou aos trabalhadores brasileiros. César Benjamin não escreveu uma [...]undefinedresenha do filme do Lula, como era a proposta do artigo, conforme dão a entender as fotos e o título. Também não falou em política. Fez uma fofoca suja, que agrediu todas as famílias brasileiras e compromete a reputação do presidente da república no exterior; e ao enfraquecê-lo dessa forma vil, atacando-o por baixo da cintura, atrapalha a posição do Brasil nos grandes fóruns mundiais.Se pegarmos a página onde o texto é publicado e torcermos, sairá um líquido verde e gosmento, o suco concentrado da inveja. Cesar Benjamin, com o pretexto de resenhar o filme de Fábio Barreto, fala apenas de si mesmo, como a indicar o absurdo que Lula, e não ele, fosse o protagonista de uma obra que promete bater recordes de bilheteria. Eu tô ligado nesse cara. Desde que Lula venceu o primeiro pleito, ele nunca moveu uma vírgula para atacar a direita. Sempre contra a esquerda. É desses esquerdinhas que passam a vida falando mal da própria esquerda, porque se acham o supra-sumo da intelectualidade crítica, a reencarnação de Gramsci ou coisa parecida, e descompromissados soberanamente com a realidade brutal dos pobres e da classe trabalhadora.Eis que agora realiza o ataque mais abjeto que alguém poderia conceber, deixando em estado de perplexidade mesmo quem estava preparado para qualquer baixaria. Lula tem família. Esposa, filhos, irmãos, parentes. Uma fofoca desse quilate atinge profundamente a honra de todos. E para quê? Historinha babaca. Se ele falasse que estava na mesma cela que Lula e viu, com os próprios olhos, o presidente transar com outro homem, aí sim, ele seria um... dedo-duro confiável. Agora, vir com esse disse-me-disse, com uma historinha cujas testemunhas ele confessa sequer lembrar o nome, para dizer que Lula falou, numa conversa reservada:- Não consigo ficar sem boceta.Meu Deus! E a Folha publica isso? Não tem nada demais alguém falar isso numa conversa reservada. Todo brasileiro fala coisas muito piores o tempo inteiro. Mas botar essa frase no jornal... me desculpem, eu não aguento, é coisa de filho da puta. César Benjamin é um filho da puta. Vejam só o papinho de invejoso babaca de Benjamin:
O homem que me disse que o atacou é hoje presidente da República. É conciliador e, dizem, faz um bom governo. Ganhou projeção internacional.Ou seja, César quer dizer o seguinte. Lula faz um bom governo, ajuda os pobres, ganha projeção internacional, mas... tentou transar com um companheiro de cela há trinta anos atrás. Tentou, héin, o mané não consegue nem inventar um podre completo. Podia fazer uma calúnia inteira e dizer que o ato foi consumado. Se quisesse, poderia até usar a linguagem bíblica: Lula "conheceu" o menino do MEP.*O mais irritante é que César lança a fofoca no ar, e depois volta a falar de si mesmo, como se alguém fosse se interessar pela merda de sua vida depois do que ele acabou de dizer: uma calúnia indecorosa e irracional contra o presidente da república, uma bomba com poder de desestabilizar as instituições. *Acudiram-me duas referências assim que soube da notícia:1) Lembrei do Bezerra da Silva, falando do homem mais desprezível de todos, o alcaguete, o dedo-duro, o X9. Ou seja, César Benjamin. Sim, porque lançar no ventilador da Folha de São Paulo um papinho sujo de botequim de 15 anos atrás, é uma trairagem imperdoável. Mas é típico de ex-petistas, pessoas que, depois de anos bebendo água de coco à sombra do partido, saltam bruscamente para o campo adversário e se tornam os verdugos mais inescrupulosos daquilo que eles mesmo ajudaram a construir.2) Lembrei de Suetônio, o romano que escreveu o clássico, A Vida dos 12 Césares. O capítulo dedicado a Julio Cesar é muito engraçado. Começa louvando de maneira magnífica o primeiro dos imperadores de Roma, mas salpica a narrativa com inúmeras fofocas escabrosas. A primeira, que irá perseguir César por toda a vida, é a história de que o imperador, quando ainda um rapazola endividado e vaidoso tentando fazer carreira no serviço público, teria cedido às investidas de Nicomedes, rei da Bitínia, na Ásia próxima. Nas palavras de Suetônio:
Correu, então, a notícia de que se havia prostituído a este monarca.Anos mais tarde, quando Cesar vence as difíceis guerras de conquista da Gália, seus soldados irão cantar, alegremente, a canção:
César subjugou as Gálias. Nicodemes subjugou César.É muito curioso acompanhar a avacalhação que Suetônio faz de Júlio César, a que não falta uma deliciosa verve humorística. Quando ele entra na parte da biografia mais pessoal, Suetônio relata que Cesar...
Como não se conformasse com a iniquidade de sua calvície, que por mais de uma vez o expusera ao escárnio de seus detratores, adquirira o hábito de puxar para a testa os poucos cabelos que lhe ficaram.Os adversários de César, conta Suetônio, estavam sempre lançando contra ele acusações de homossexualismo, na maioria das vezes se referindo a fofoca envolvendo Nicomedes. Ofendiam-lhe com alcunhas como: rival da rainha, a prancha inferior da liteira real; prostituta da Bitínia; escudo de Nicomedes. O próprio Cícero - que posteriormente será seu amigo -, publicou discursos fortemente insultuosos contra César, sempre escarnecendo do suposto caso com o rei da Bitínia.Em seguida, Suetônio vai mais fundo e afirma que César era um libertino descarado, seduzindo todas as mulheres e todos os homens que lhe atraíam, não respeitando marido nem esposa. Um político romano chamou-lhe, num discurso: "o marido de todas as mulheres e a mulher de todos os maridos."O interessante é que César reagia brandamente. Tratou bem todos seus adversários. Reconciliou-se com Cícero, que lhe atacara em centenas de discursos. Perdoou poetas que durante décadas haviam escrito poemas de baixo calão sobre sua pessoa.
Quanto aos que o ultrajavam em discursos, limitou-se a adverti-los, publicamente, de que não prosseguissem. Suportou pacientemente que um livro infamante de Aulo Cecina e versos maledicentíssimos de Pitolau lhe lacerassem a reputação.*Eu desviei do assunto principal porque achei mais saudável assim. Quis mostrar que a baixaria acompanha a política desde os primórdios da humanidade, mas ela nunca foi benéfica para a democracia. Julio César teve que atravessar o Rubicão com seus exércitos e dar um golpe de Estado. Com seu poder firmemente estabelecido, não temia que os insultos e calúnias que lançavam contra ele surtissem algum efeito prático. Já no sistema eleitoral que vivemos, as calúnias substituem o debate político e podem influenciar fortemente os pleitos. Por isso devem ser repudiadas com muita firmeza por todos os agentes, sobretudo pela mídia, que é quem tem o maior poder de difundi-las. O que a Folha fez, portanto, ao permitir a publicação de um insulto tão grosseiro e leviano ao presidente da república, igualmente não tem desculpa. Otavio Frias Filhas, editor da Folha, é outro filho da puta. O Movimento dos Sem Mídia já está se mobilizando para protestar. Eduardo Guimarães, presidente do MSM, afirmou hoje que a entidade organizará mais um protesto em frente à Folha, na rua Barão de Limeira. Será no próximo sábado, dia 5 de dezembro.*Várias pessoas que estiveram presas na mesma cela que Lula, em 1980, ou em celas vizinhas, além de observadores políticos atentos daquela época, estão postando comentários no blog do Nassif. Todos afirmam categoricamente que a acusação de César Benjamim é inverossímil, por várias razões:- Lula, na época, era o preso mais vigiado do país. Qualquer informação desabonadora de sua pessoa seria passada à população, para tentar arrefecer uma força política que se mostrava extremamente perigosa para a ditadura.- Vários sindicalistas e presos políticos se encontravam na mesma cela ou em celas vizinhas, ou conheciam gente ali, e a história de César nunca circulou em parte alguma. Muitos eram adversários políticos de Lula, no passado e hoje, como o pessoal do PSTU, que sempre achou Lula um pelego. Não hesitariam, portanto em divulgar uma história que desmascarasse o bom mocismo do ex-metalúrgico. José Maria de Almeida, na época militante da Convergência Socialista, e hoje dirigente do PSTU, declarou à imprensa: "Tenho motivos para atacar o Lula. O seu governo é uma tragédia para a classe trabalhadora. Mas isso que está escrito não aconteceu."*O delegado que vigiava Lula acaba de negar peremptoriamente a história. Ainda bem que temos o Nassif.*Está explicado, enfim, porque César Benjamin é colunista do jornal da Ditabranda.
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# Escrito por Miguel do Rosário # Sexta-feira, Novembro 27, 2009 5 comentarios # Etichette: Política
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