domingo, 29 de novembro de 2009

O CHEIRO RUIM QUE EXALA DA MÍDIA

Copiado do Excelente Blog Escreva Lola Escreva, que está em Minhas Notícias.
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Saraiva

sábado, 28 de novembro de 2009

O CHEIRO RUIM QUE EXALA DA MÍDIA

Ah, gente, eu não ia escrever nada sobre o último ataque da grande mídia ao Lula, mas, como estou vendo essa história ser reproduzida nos blogs de direita como se fosse uma verdade incontestável (o que é uma tática nazista, repetir uma mentira até que ela se torne verdade), vou tratar disso só um tiquinho. Vocês sabem do que estou falando, né? Ontem li enojada um artigo de Cesar Benjamin, ex-militante de esquerda que ajudou a fundar o PT, que saiu do partido em 1995, e foi candidato a vice da Heloísa Helena em 2006. Ele relata como, num almoço em 1994, Lula contou que, quando esteve preso pelo regime militar, em 1979, teria tentado “subjugar” um “menino do MEP” (Movimento de Emancipação do Proletariado), mas o rapaz não deixou. Quer dizer, segundo Cesar, Lula disse que não aguentaria anos na cadeia, porque não vive sem b*ceta. E, na frase seguinte, o atual presidente diz como tentou estuprar um rapaz! (da última vez que chequei, homens não tinham vagina. Era o principal diferencial).
O depoimento de Cesar, agora, quinze anos depois da conversa, já seria bastante chocante. Um jornalista e blogueiro escreveu: “Este blogueiro conhece pessoalmente César Benjamin. [...] Há duas considerações a serem feitas sobre Benjamin: primeiro, o autor deste blog não conhece nenhuma outra pessoa, nem mesmo Diogo Mainardi ou Reinaldo Azevedo, que tenha pelo presidente Lula o mesmo ódio professador por Cesinha. O que ele diz em privado sobre Lula supera em muito o que escreveu para a Folha de S. Paulo nesta sexta-feira [...]”.
Mas o mais chocante, lógico, não é o que Cesar disse, mas que a Folha de SP tenha publicado algo assim. Algo sem nenhuma prova, sem ouvir o outro lado, sem procurar testemunhas. É uma piada que agora a Folha esteja publicando cartas de leitores (escolhidas a dedo, imagino), louvando a atitude do jornal. Uma delas afirma que a Folha deu “uma lição de jornalismo”. Vamos supor que eu hoje queira contar pro mundo que, 15 anos atrás, eu e amigas, uma das quais não falava português, encontramos FHC pela manhã nas ruas de Higienópolis (fomos vizinhos, posso provar), e ele nos contou, às gargalhadas, como transou com sua empregada, apesar d'ela não querer. A Folha me dá espaço pra escrever sobre essa divertida anedota? E, lógico, não vamos perder tempo procurando FHC, a empregada, as outras amigas que escutaram a conversa. E aí, posso? Eu tenho uma mente fértil e adoraria ajudar a Folha a dar mais lições de jornalismo!
Não, né? Porque FHC pode ter um filho com uma jornalista da Globo e todo mundo saber disso há dezoito anos sem que a grande mídia não dê um pio sobre o caso. A vida pessoal não é importante... quando a gente é aliada política do sujeito.
Todos os envolvidos já desmentiram o artigo. O Planalto diz que não vai processar a Folha pra não descer ao seu nível. A Veja foi atrás do próprio “menino do MEP”, que se recusou a falar com essa imprensa e disse que é tudo um mar de lama. Um político do PSOL, opositor ferrenho do governo e também ex-preso político, jura que Cesar “viajou na maionese”. O delegado do DOPs na época, nosso velho conhecido Romeu Tuma, nega, e diz que algo do gênero seria impossível, até vários presos dividiam as celas. Os publicitários que estavam na mesa durante o almoço de 1994 não se recordam nem da presença de Cesar, mas têm memórias divergentes. Paulo de Tarso não lembra de uma conversa assim, enquanto o documentarista Silvio Tendler afirma que Lula estava contando uma piada pra sacanear o marqueteiro americano. Se foi isso, é uma piada ruim, daquelas que só os homens gostam de contar (mulheres não costumam achar estupro engraçado). E o próprio tom da negativa de Tendler é um festival de besteiras, como chamar Cesar de "débil mental " (pega mal usar isso como ofensa), e usar o infalível “é a loura da vez” (porque não entendeu a piada, sacam?). Eu adoraria que pessoas de esquerda refletissem mais antes de falar asneiras, mas até parece que essas “piadas de homem” são monopólio de um partido político.
Seria até engraçado, se não fosse trágico, ler gente hiper preconceituosa como Reinaldo Azevedo reclamando de tal piada! Tio Rei está nas nuvens e já escreveu uns cinco posts sobre a "denúncia" de Cesar. O mais hilário é um que inclui esta frase: “A política, no ritmo em que vai, está palmilhando todos os caminhos da sordidez, da abjeção, da absoluta falta de limites”. Pois é, a sordidez não é dar destaque pra mentira e demais baixarias, é a política brasileira. Como diz um dos blogueiros que o copiam: “A revelação, independente de sua veracidade ou falsidade, mas o simples fato de ser aventada resume um estado da psique coletiva nacional sob a égide do lulismo” (sic, ninguém falou que eles sabiam escrever).
Mas há quem diga que esse carnaval não é pra esconder o mensalão recém descoberto em Brasília, responsabilidade do único governador do DEM, um partido que vem se extinguindo e já teria sido varrido do mapa se não fosse a parceria com os tucanos. Não, parece que é pra encobrir um novo escândalo, um que não interessa à mídia: as doações da Camargo Corrêa ao Serra. A gente sempre deve pensar nos interesses por trás das notícias.
A Folha é um jornal que vem derrapando feio faz tempo. Ultimamente, ela tem optado por uma saída preferencial pela direita, o que contraria um pouco seus leitores, que estão menos à direita que os da Veja ou do Estadão. Outro dia o jornal publicou um editorial dizendo que a nossa ditadura militar foi uma ditabranda. Depois publicou uma ficha falsa da Dilma. Deu enorme destaque à farsa de Lina Vieira. Etc etc, os exemplos são muitos (pra protestar, o blogueiro Eduardo Guimarães organiza um protesto contra a Folha no dia 5 de dezembro, sábado, às 10 horas, em frente ao jornal).
A escritora Marcia Denser (cujos contos estão presentes em várias antologias de melhores contos brasileiros, e que tive o orgulho de ter como professora de redação literária) escreveu ontem, antes desse novo escândalo, que a Folha está longe de ser o jornal influente que já foi. Em 1996, a Folha vendia quase 500 mil exemplares avulsos em banca (não assinaturas) num domingo. Hoje sabem quanto vende? 21 mil exemplares. Os três principais jornais brasileiros (Folha, Estadão, Globo), não vendem, juntos, cem mil exemplares avulsos por dia. É uma triste queda. Claro que a imprensa escrita de todo o mundo vem encolhendo por conta da internet, mas vocês não conhecem pessoas que deixaram de ler jornais e revistas brasileiras por motivos políticos? Tipo, porque o país não tá tão mal quanto elas pintam, e porque, num regime democrático, aceita-se a vitória de políticos que combatemos? A nossa imprensa não engoliu a vitória de Lula em 2002 e é por isso que, na blogosfera, ela ganhou o apelido de PIG – Partido da Imprensa Golpista. Ela ainda não foi tão longe quanto a da Venezuela, que promoveu abertamente um golpe militar contra Chávez. Mas, pelo jeito, é só uma questão de tempo.
E também, não sejamos tão críticos. Vamos nos por no lugar dela. Ela publica todo dia editoriais contra o governo, escolhe fotos degradantes, manipula notícias (essa ao lado é da Folha de ontem ― diz que os institutos de ensino superior diminuíram, como se fosse uma péssima notícia, sem explicar que as vagas aumentaram, e que instuições foram compradas por outras. Essa outra é do Globo: o consumo no país aumentou, e isso não é apenas terrível como também culpa do Lula), bate no PT desde a fundação do partido, em 1980. E ainda assim Lula é eleito, reeleito, e tem 80% de aprovação?! Como é que pode? Pô, deve doer não ser mais formador de opinião!
O que dói mais, na realidade, é saber que este é só um trailer do que será o nível da mídia nas eleições do ano que vem.

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