sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Direita tem nova estratégia para tentar desmontar Dilma Rousseff

Do BLOG DE UM SEM-MÍDIA.

Do blog NovaE.

Adeus ao método Zé do Caixão

Os jornais da direita brasileira - o denominado Partido da Imprensa Golpista (PIG) - estão começando uma campanha contra a ministra Dilma Rousseff, virtual candidata do presidente Lula à presidência da Republica em 2010. Quem dá a largada é o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, pertencente ao grupo RBS, um dos grandes beneficiários sulinos da ditadura civil-militar que assolou o País de 1964 a 1985.

A abordagem da campanha contra a única candidata da esquerda com vivas chances de vitória parte de uma estratégia oblíqua e por isso sutil e astuciosa. Trata-se de identificar a candidata Dilma como protagonista de cenários de conflito, de situações pregressas de confronto, de perturbações da ordem, de sublevação social, de motim contra o establishment, etc. A idéia é aterrar a classe média e deixar os investidores com as barbas de molho.

A série de reportagens de ZH, denominada "Os infiltrados", publicadas de domingo até ontem (3/2), tem como objetivo isso: reunir elementos objetivos e sobretudo subjetivos que apontem Dilma Rousseff como alguém com um perfil muito próximo de ser considerado como o de uma "terrorista" - na releitura ampla dada ao vocábulo por parte de Bush Jr. e o ultrapragmatismo Neoconservador com viés bélico - fonte na qual dez entre dez jornais brasileiros beberam até a embriaguez.

Em publicidade, essa velha técnica é denominada merchandising editorial (ou tie-in, no jargão norte-americano de publicidade & propaganda). Consiste em diluir o objeto da reportagem, no caso, a desconstrução da imagem da candidata lulista, em uma narrativa com muitos protagonistas, formando um painel abrangente e elucidativo de fatos obscuros ou mal contados pela história recente. O tie-in na publicidade comercial da televisão, por exemplo, é a introdução sutil de uma certa marca de carro na cena onde o mocinho persegue o bandido, ou de um refrigerante na cena doméstica da novela seriada. A força do apelo comercial está precisamente na sutileza e não na ênfase grosseira dos comerciais da publicidade comum.

A técnica da reportagem do tipo tie-in - desfocar para crivar com mais eficácia - está sendo uma das estratégicas do PIG, seus agentes e operadores. Só que ao invés de promover o seu objeto de incidência, como faz a publicidade comercial, no caso do jornalismo ideologizado do PIG, ao contrário, procura rebaixar a sua reputação e prestígio social.

Temos informações seguríssimas que a matéria de Zero Hora é apenas a primeira de outras tantas que estão sendo preparadas pela imprensa direitista brasileira. A revista Veja estaria preparando uma matéria sobre o famoso roubo do cofre do ex-governador Adhemar de Barros, de São Paulo, ocorrido em julho de 1969. A rigor, é a mesma matéria requentada da edição 1.785, de Veja, de 15 de janeiro de 2003. Só que naquela ocasião, o tom do texto era grosseiro, inquisitorial e policialesco, cenas de filme B. Com a nova estratégia tie-in, a matéria deverá ser mais extensa, na forma de um painel (pseudo) histórico, com mais personagens e um tratamento refinado e sutil ao texto.

Será mais para o cinema de Ingmar Bergman do que para o de Zé do Caixão.

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Alguém ainda terá dúvida sobre o caráter orgânico-partidário da grande imprensa brasileira? Um bloco unido, coeso, linha ideológica única, discurso afinado, militância articulada, ações coordenadas, intelectual orgânico de setores da classe média (urbana e rural), classes proprietárias, lúmpen-burguesia, do agronegócio exportador, setores bancário-financeiros, de representantes e associados dos interesses corporativos internacionais, militares com interesses econômicos e negociais, etc.

A prova evidente do caráter partidário da mídia brasuca é a flacidez dos partidos cartoriais tradicionais - PSDB, Democratas, PMDB, PPS, PTB, e outros menos votados.

Quanto mais a mídia faz-se porta-voz potente da direita, mais obsoleta e irrelevante torna a existência das aglomerações parlamentares-eleitorais, que acabam servindo só para registro legal de candidaturas junto à Justiça Eleitoral e valhacouto de lúmpens ascensionais.

Como alguém já disse, acho que foi o Stedile, os parlamentares e políticos profissionais deveriam - em vez de se identificar pelas siglas partidárias - usar jalecos ou macacões (como na Fórmula Um) com as logomarcas dos seus patrocinadores - aos quais dedicam as suas carreiras públicas como zelosos funcionários corporativos subalternos.

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