(Teddy Vieira e Capitão Barduíno)
Certa vez uma caneta foi passear lá no sertão
Encontrou-se com uma enxada fazendo a plantação
A enxada, muito humilde, foi lhe fazer saudação
Mas a caneta soberba não quis pegar sua mão
E ainda por desaforo lhe passou uma repreensão
Disse a caneta pra enxada: não vem perto de mim não
Você está suja de terra, de terra suja do chão
Sabe com quem está falando, veja sua posição
E não se esqueça a distância da nossa separação
Eu sou a caneta soberba que escreve nos tabelião
Eu escrevo pros governos as leis da constituição
Escrevi em papel de linho, pros ricaços e barão
Só ando na mão dos mestres, dos homens de posição
A enxada respondeu: que bateu vivo no chão
Pra poder dar o que comer e vestir o seu patrão
Eu vim no mundo primeiro quase no tempo de Adão
Se não fosse o meu sustento não tinha instrução.
(Fonte: Conversa Afiada)
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