Após a publicação deste post, passarei o domingo trabalhando na representação que o Movimento dos Sem Mídia irá protocolar no Ministério Público Eleitoral na semana que entra (vide post anterior), na qual pedirá investigação sobre as pesquisas eleitorais.
Haverá uma divisão de tarefas entre o diretor-jurídico da ONG, o dr. Donizeti, e este que escreve. A parte fática (descrição dos fatos que motivam a peça) ficará a meu cargo, enquanto que caberá ao advogado dar forma jurídica ao texto.
Pretendemos protocolar a representação até terça-feira, no máximo.
Apesar do longo trabalho que tenho pela frente, decidi escrever este post porque parte dos leitores não compreendeu meus motivos para ter decidido pedir à Justiça que intervenha em um processo que considero danoso não a esta ou àquela candidatura, mas à democracia.
Em primeiro lugar, temos que entender e aceitar que nenhuma pessoa honesta pode afirmar, com cem por cento de certeza, qual ou quais dos quatro mais importantes institutos de pesquisa que atuam no Brasil (Datafolha, Ibope, Sensus e Vox Populi) diz ou dizem a verdade.
Só o que se pode afirmar sem sombra de dúvida é que ao menos um deles está mentindo descaradamente, de uma forma que julgo criminosa. Porque não é possível que pesquisas feitas com intervalo de algumas semanas apresentem resultados tão diferentes.
Ultimamente, a mídia passou a divulgar largamente, através de artigos, reportagens e editoriais, que pesquisas não devem ser comparadas quanto a números crus e, sim, quanto às tendências que se revelam entre a divulgação de cada sondagem do mesmo instituto.
Nos gráficos abaixo, comparo as sondagens de quatro institutos desde o fim do ano passado. O cenário de candidatos escolhido foi o que tem sido mais destacado pela mídia, envolvendo os pré-candidatos do PT e do PSDB mais Ciro Gomes e Marina Silva, sendo que os dois últimos não aparecem no estudo para facilitar sua compreensão.
Ibope
Sensus
Vox Populi
Datafolha
O que estes gráficos revelam – não só pelos critérios sobre tendências amplamente expostos pela mídia, mas também por conta de matérias acusatórias lançadas pelo jornal Folha de São Paulo, dono do Datafolha, contra os institutos Sensus e Vox Populi, de que teriam fraudado seus números – é que um ou mais desses institutos está ou estão mentindo.
A tendência revelada pelo Datafolha diverge de Ibope, Sensus e Vox Populi, como mostram os gráficos. E mesmo que na próxima pesquisa Ibope, a ser divulgada nos próximos dias, os números se aproximem dos do Datafolha, haverá divergência de dois institutos contra outros dois.
Não é possível que um ou dois institutos mostrem Serra subindo e Dilma estagnada ou caindo e dois ou três mostrem o contrário em espaço tão curto de tempo – no caso de Datafolha e Sensus, no espaço de uma semana.
É aqui que quero dar uma explicação.
Alguns leitores recomendaram-me que não mexa nisso, que não faça representação nenhuma, porque a Justiça seria “tucana” e, assim, acabaria prejudicando o PT e referendando o Datafolha.
Será que se referem à mesma Justiça que cassou governador e prefeito da coalizão de Serra e pôs na cadeia seu mais cotado candidato a vice?
Acho que uma das poucas instituições que estão funcionando na política brasileira tem sido a Justiça, sobretudo a Justiça Eleitoral, que tem agido com total isenção, multando Lula ou cassando Cassio Cunha Lima e Gilberto Kassab e prendendo José Roberto Arruda.
Além disso, não acho que importa, aos verdadeiros democratas, qual dos institutos está mentindo e, sim, se algum deles mente. Se forem Sensus e Vox Populi, por exemplo, acho inaceitável, mesmo que suas supostas fraudes beneficiem a facção política que apóio.
Não quero “vencer” uma eleição por meio de fraudes como essa. Quero “ganhar” ou “perder” de forma limpa, digna, honrada, justa e democrática, pois um país só avança quando esses valores prevalecem também na mentalidade dos atores políticos que somos todos nós, candidatos, mídia e eleitores.
Este blog se chama Cidadania, não politicagem. Foi criado para estimular as pessoas a abandonarem essa nefasta mania do brasileiro de deixar tudo para lá, de conviver com o que está errado por puro comodismo, estimulando-as a ficarem sempre do lado mais justo seja ele qual for.
Esta tem sido minha luta aqui, ainda que alguém possa pensar outra coisa. Não trabalho para políticos, mas para o Brasil.
Agora, deixo-os com estes esclarecimentos e vou trabalhar pela democracia brasileira durante o resto do domingo compondo a peça que o MSM apresentará à Justiça Eleitoral na semana que entra, doa a quem doer.
Escrito por Eduardo Guimarães às 10h28Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)
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