domingo, 11 de abril de 2010

Os marmiteiros e a massa cheirosa

11/04/2010 - 07:13

ELIANE CANTANHÊDE

O partido das massas cheirosas

BRASÍLIA – “Estarei a seu lado, governador José Serra, onde quer que eu seja convocado”, discursou Aécio, saudado aos gritos de “vice, vice, vice” no lançamento de Serra à Presidência ontem.

PSDB, DEM e PPS deliraram, mas a alegria durou pouco, até Aécio, curiosamente, explicar que disse uma coisa querendo dizer outra. Primeira leitura: se convocado, ele aceitaria ser vice. Explicação posterior do próprio: se convocado, vai desfilar pelo país com Serra. Típica tucanice, que reacende a suspeita de que Aécio vá lavar as mãos mais uma vez para o candidato tucano.

Afora isso, a festa de Serra foi surpreendente. Quem está acostumado a comparar a energia petista e a chocha elegância tucana nesse tipo de encontro ficou impressionado com a inversão. O lançamento de Dilma Rousseff foi um show protocolar; o de Serra foi uma bagunça, com pessoas aos berros por espaço, suadas, espremidas e animadas.

Pode nem ser, mas o PSDB evidentemente se esforçou para parecer um partido de massas. Para não deixar dúvidas, porém, um velho assessor ironizou: “Mas de massas cheirosas…” De fato, até os ônibus que carregaram a militância eram novinhos em folha.

Outro dado: se nos bastidores a cúpula tucana chegou a discutir se FHC deveria ou não discursar, o que equivale a questionar se devem ou não escondê-lo, na convenção ocorreu o contrário: ele foi um dos mais ovacionados.

Serra, contido, fez comparações com Lula e com o PT. Usou verbos no plural para elencar os avanços brasileiros, que não são de hoje, mas dos últimos 25 anos, condenou “bravatas” e defendeu que governos devem “unir nações”, “não estimular disputas de pobres contra ricos” nem “jogar governo contra oposição”. Devem “servir ao povo, não a partidos e a corporações”.

Ao dizer que os êxitos “não são de um só homem [Lula] ou de um só governo”, lançou a marca de sua campanha: “O Brasil pode mais”.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1104201004.htm

Comentário

Mencionei o “marmiteiro” lembrando uma frase infeliz do brigadeiro Eduardo Gomes, que foi bastante explorada pelos adversários, inspirados no Hugo Borghi. A “massa cheirosa” da Eliane é igual. A diferença é que ela não é candidata.

A propósito: assim como a intenção de Eduardo Gomes não foi desprezar os marmiteiros, aparentemente a da Eliane foi ironizar as “massas do PSDB”.

Para acompanhar pelo Twitter: http://twitter.com/luisnassif

Matéria publicada por Leda Ribeiro (Colaboradora do Blog)

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