quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Brasil estreita suas relações com a África

Desde 2003 Brasil tem reforçado sua presença no continente africano





Quando o presidente Lula resolveu lançar o olhar brasileiro para África e estabelecer laços culturais e comerciais mais fortes, sustentáveis e duradouros com o continente recebeu inúmeras críticas, uma das mais comuns é de que estaria o Brasil desprestigiando parceiros comerciais e culturais tradicionais: Europa e Estados Unidos da América.
A iniciativa do governo estava inserida em um contexto mais amplo no contexto internacional, articulado politicamente, chamado de Sul-Sul.  Países do hemisfério sul, principalmente as grandes economias desta região buscaram intensificar suas relações comerciais e diplomáticas em uma clara posição de independência às tradicionais relações com os países ricos do hemisfério norte, geralmente em condições desfavoráveis e, muitas vezes, humilhantes para nós brasileiros.
Lula foi bem sucedido e com a vitória dessa política, comandada pela diplomacia brasileira, a cargo do chanceler Celso Amorim e das muitas caravanas empresariais que Lula levou nas missões oficiais do governo nos países latinos, asiáticos e africanos, os emergentes do mundo se consolidaram como importantes interlocutores das relações multilaterais, que já não podem mais ser desprezados pelas nações mais ricas.
Pouco se ouve, lê ou assiste na imprensa brasileira sobre esta vitória de nossas missões diplomáticas e comerciais, a não ser, óbvio, as críticas de quem defende interesses comerciais da Europa e dos Estados Unidos no Brasil.
A BBC Brasil publicou um série de matérias sobre o aprofundamento das relações comerciais Brasil/África e o crescimento vertiginoso deste empreendimento.
Ao longo da última década, a corrente brasileira de comércio (soma das exportações e importações) com os países africanos cresceu consideravelmente, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC): em 2002, o intercâmbio do Brasil com o continente somava US$ 5 bilhões; em 2008, passou para US$ 26 bilhões – quase metade dos US$ 56 bilhões do comércio entre Brasil e China em 2010.
Ou seja uma variação positiva acima dos 1000% em oito anos.

O interesse pela África fez com que o governo aumentasse, nos últimos oito anos, o número de embaixadas brasileiras no continente, passando de 19 para 37, um crescimento superior a 100% durante o mandato de Lula.  Em contrapartida, desde 2003, 17 missões de países africanos foram inauguradas em Brasília, somando-se às 16 que já existiam.  Além disso, grandes empresas brasileiras como a Votorantim, Camargo Corrêa, Odebrecht e Petrobras também se instalaram naquele continente para a construção de infraestrutura e produção de energia.

O governo Dilma avança com soberania nestas relações, sem precisar de tutela das grandes potências mundiais, conquista espaço e consolida laços importantes.

Gert Wunderlich, executivo do banco sul-africano Standard Bank enxerga um nova oportunidade de relação para ambos os lados do Atlântico e percebe uma mudança de perspectivas na construção de um diálogo de igualdade entre as nações, tendo o Brasil um protagonista bem avaliado pelos africanos, como é evidenciado nos trechos selecionados da matéria publicada na BBC Brasil:

"Os africanos sentem que, com os brasileiros, participam de uma conversa entre iguais, o que jamais ocorrerá com os chineses", afirma.

Ele diz ainda que, além dos bons resultados comerciais, a aproximação diplomática dos últimos anos já trouxe ao Brasil benefícios em palcos internacionais, como o apoio de vários países africanos à bem-sucedida candidatura do brasileiro José Graziano à direção da FAO (agência da ONU para agricultura), em junho.

Para Gert Wunderlich, ainda que o governo brasileiro receba críticas pela ênfase que dá às relações com países subdesenvolvidos - particularmente os africanos - trata-se de uma aposta para o futuro.

Ele afirma que a África abriga um sexto da população mundial e será uma das regiões do mundo que mais crescerão nas próximas décadas.

"Se o Brasil estiver lá e construir relações com os países, terá vantagem competitiva em relação aos que não fizerem isso. Ou então a China e a Índia vão ocupar todos os espaços", diz.


O Brasil tem feito suas escolhas, contrariando interesses ligados a grupos conservadores, acostumados ao alinhamento subserviente e rentável, mediante obediência canina àquilo que as grandes economias do planeta nos impuseram ao longo dos dois séculos imediatamente anteriores ao que vivemos hoje.
Leia também:

Nenhum comentário: