outubro 25, 2011
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Ontem,
dia 24 – ao noticiar a vitória esmagadora de Cristina Kirschner – o JN
repercutiu a direita argentina e seu PiG afirmando que, com a conquista
da maioria no Senado e na Câmara, a presidente terá poderes de rainha.
“Cresce o temor de que ela reduza mais ainda a liberdade de imprensa ou
até cale a imprensa de vez”.
Quer dizer que, quando um governo dá certo, quando a economia vai
bem, quando o “feel good” da maioria se manifesta nas urnas – significa
que NÃO há liberdade de imprensa? Liberdade de imprensa é golpe de
estado e governo militar? Liberdade de imprensa é inflação? Desemprego?
Recessão? Liberdade de imprensa é o modelo neoliberal que levou EUA e
Europa à bancarrota?
Os argentinos não esquecem fácil. Na mesma época em que o Brasil
sofria nas mãos de FHC, os argentinos passavam fome. Aqui e lá,
trabalhadores qualificados, de nível superior, faziam filas enormes para
vagas de qualquer coisa. Lembro bem de um episódio ocorrido no Rio. A
prefeitura havia aberto algo como 200 vagas para gari. Formou-se uma
fila gigantesca, que dava voltas em quarteirões. As pessoas acamparam
como se fossem a um show de rock… A situação era tão bizarra, que a
Globo foi lá e entrevistou as pessoas da fila. Tinha de tudo.
Comerciante, advogado, médico, engenheiro, professor… e – como dizia o
professor Raimundo – o salário era “ó”…
Dá vontade de rir, vendo Bonner com aquele olhar de bom menino dando o
recado subliminar da Globo: respeitar a constituição, que proíbe
cartel, monopólio, propriedade cruzada etc, é CENSURA!
A Globo pode comprar o futebol e determinar ao torcedor o horário do
jogo que lhe convier. Mesmo que isso signifique chegar em casa de
madrugada em plena quarta feira. O PiG pode destruir a carreira de quem
lhe der na telha. Quem não gostar que entre na justiça. Como foi o caso
de Nelson Luiz Conegundes de Souza,
que perdeu o emprego, foi achincalhado pelos colegas de trabalho e caiu
em desgraça por causa de uma reporcagem mentirosa da Folha. Levou 13
anos – 13 ANOS!!! – para que se fizesse justiça e o jornal finalmente
fosse obrigado a se retratar!
A situação do PiG argentino é curiosa. Especialmente a do grupo
Clarín, a Globo deles. Não há um pingo censura, e sim, o total desprezo
de Kirschner por eles. Não existe cordialidade ou relacionamento de
aparências. É muito claro: a presidente não fala com o PiG. Não dá
entrevista. É radical neste ponto. Sua campanha foi feita sem debates
nos estúdios das emissoras de rádio ou TV. Sem jornais e revistas dando
apoio. E venceu de forma arrasadora. Read more…
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