O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai aproveitar os próximos
meses para se dedicar à sua atividade internacional. Ele só vai tirar os
pés do acelerador de sua agenda de palestras no exterior quando
começar a campanha eleitoral de 2012, à qual quer se dedicar como cabo
eleitoral do PT. Foi o que afirmou Clara Ant, a ex-assessora da
presidência e atual diretora do Instituto Lula, em visita a Israel nesta
semana a convite da Câmara de Comércio e Indústria Israel-Brasil. Na
noite de quarta-feira, Lula recebeu, no México, o prêmio Amalia
Solórzano, oferecido a personalidades que se destacaram no trabalho pelo
desenvolvimento do seu país. A arquiteta e fundadora do PT
revelou que Lula tem, na fila, nada menos do que 50 oferecimentos de
diplomas de doutor honoris causa de universidades pelo mundo, mas sua
equipe não consegue encontrar tempo para responder a todos os convites.
Desde que deixou o governo, o ex-presidente já recebeu sete diplomas e
estuda, agora, aceitar o da Universidade Hebraica em Jerusalém - que
fez o convite em março do ano passado, quando o ex-presidente visitou
Israel.
- Todos querem Lula, no mundo. Partidos políticos, governos, instituições, ONGs, universidades... Os pedidos de visitas e palestras são incontáveis. É impossível atender a todos. Temos mais convites do que na época em que ele era presidente e a equipe do instituto é menor do que a do governo - revelou Clara ao GLOBO, sem revelar o valor cobrado pelo ex-presidente por palestra, que estima-se chegar a US$ 150 mil.
- Todos querem Lula, no mundo. Partidos políticos, governos, instituições, ONGs, universidades... Os pedidos de visitas e palestras são incontáveis. É impossível atender a todos. Temos mais convites do que na época em que ele era presidente e a equipe do instituto é menor do que a do governo - revelou Clara ao GLOBO, sem revelar o valor cobrado pelo ex-presidente por palestra, que estima-se chegar a US$ 150 mil.
- Jurei a mim mesma que nunca
seria responsável pela agenda do Lula, mas é exatamente o que tenho
feito agora - confessou, numa reclamação branda.
Segundo Clara Ant, o interesse mundial tem dois principais motivos. O
primeiro é o fato de que Lula deixou o governo com 84% de aprovação
depois de seu segundo mandato. "Isso é muito raro no mundo. Em geral,
líderes tomam posse fortes e deixam o poder enfraquecidos,
principalmente depois de oito anos no comando. Estão todos muito
curiosos", afirmou.
O segundo motivo seria o
crescimento econômico brasileiro e o comportamento do país durante a
crise financeira mundial de 2008. Para Clara Ant, diversos países
querem saber a receita brasileira de "combate à fome, pobreza,
desigualdade social, desemprego, falta de oportunidades e moradia ao
mesmo tempo em que lida com uma crise econômica internacional". Esse
foi justamente o tema da palestra que ela deu em Tel Aviv para cerca de
60 empresários israelenses e brasileiros. O comércio entre os dois
países aumentou 35% de 2009 a 2010 e hoje está estimado em US$ 1,8
bilhão.
Arquiteta se irrita com pergunta sobre gafe de ex-presidente
Em hebraico fluente, ensaiado durante os cinco dias de viagem ao
país, a arquiteta nascida na Bolívia de família judia - que tem
parentes em Israel e estudou arquitetura, na juventude, por dois anos
no Instituto Technion, na cidade de Haifa - destrinchou passo a passo
as medidas tomadas pelo governo Lula para conseguir que 28 milhões de
brasileiros se elevassem a cima da linha de pobreza e 39 milhões
subissem para a classe média.
- Criamos 15 milhões de novos
empregos em oito anos de governo. E a presidente Dilma continua nesse
viés. Desde que ela tomou posse, mais dois milhões de postos de
trabalho foram criados - afirmou, entusiasmada.
A arquiteta só perdeu a calma
quando foi perguntada sobre o mal-estar causado, durante a visita de
Lula a Israel, pela recusa do ex-presidente em visitar a túmulo do
fundador do sionismo, Theodor Herzl, o que levou o ministro das
Relações Exteriores do país, Avigdor Lieberman, a boicotar o
pronunciamento do líder brasileiro no Knesset (o Parlamento local) e
melindrou a comunidade brasileira e a imprensa local. A recusa foi
encarada por alguns como desaprovação da ideologia sionista, que prega a
existência de um Estado Judeu no Oriente Médio, até porque Lula
aceitou visitar o túmulo do ex-presidente palestino Yasser Arafat, em
Ramallah, na Cisjordânia.
- Foi só uma questão de
coordenação de agendas entre nós e os diplomatas israelenses. Não se
pode reclamar apenas disso e ignorar que Lula foi duas vezes a Israel,
visitou o Museu do Holocausto, discursou no Congresso, foi recebido
pelo primeiro-ministro e pelo presidente. Isso tudo é sinal de apoio ao
país. Quem fez feio foi o Lieberman, que destratou Lula em sua visita -
respondeu Clara Ant, visivelmente irritada.
O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário